Em 2015, quando o periódico Charlie Hebdo publicou uma sátira do “profeta” Maomé e sofreu retalhação por parte dos muçulmanos, a esquerda brasileira reconheceu que, em que pese a violência empregada contra os cartunistas ter sido absurda e reprovável, houve flagrante desrespeito na forma como trataram símbolos sagrados ao Islã. Fiz coro com tal posicionamento!

Já em 2017 contestei ALGUMAS OBRAS da exposição “Queermuseu” e quase fui linchado pelos liberais de esquerda, por estar sendo conservador!
Pois bem, agora, em 2018, contestei a música “Surubinha de leve” e, dessa vez, fiz coro com a esquerda novamente!
No entanto, a mesma liberdade de expressão requerida pelos cartunistas do Charlie Hebdo, pelos artistas da exposição “Queermuseu” e pelo MC Diguinho é ora questionada, ora exaltada pela esquerda, conforme convém aos movimentos defendidos! 
Os cartunistas do periódico não faziam apologia à caça aos muçulmanos, mas atacaram violentamente a fé islâmica, e foram condenados pela esquerda brasileira por isso! 
Os artistas do “Queermuseu” usaram da liberdade de expressão para realizar ataque semelhante à fé cristã e, pelo contrário, foram defendidos pela esquerda brasileira!
O cantor, por outro lado, faz apologia ao estupro, e teve a sua “liberdade de expressão”, POR ??BVIO, censurada pela esquerda novamente!
E onde fica a coerência?!
Jamais apoiei a censura, mas não ignoro que a liberdade de expressão deva encontrar barreiras objetivas, que não seja apenas “mais liberdade de expressão”, sob pena de, ao garantirmos a liberdade de expressão de determinados grupos, chancelarmos o desrespeito a outros!
Como exemplo, garantir que se defenda a liberdade sexual, vilipendiando símbolos religiosos, ao meu ver, se mostra um ataque direto à fé alheia! 
Não é na fé que se pautam as intolerâncias, a grande maioria dos cristãos não são intolerantes às lutas das minorias, aliás, o verdadeiro cristão simpatiza com elas. Daí que vilipendiar os símbolos sagrados do cristianismo para amparar a causa LGBT não me parece coerente com o respeito às diferenças e liberdades de escolha que a luta em si representa!
Desconstruir a intolerância religiosa não passa por destruir a fé cristã, mas resgatá-la! 
Boa parte da esquerda brasileira defende o culto às religiões de matriz africanas (e seus símbolos sagrados) com unhas e dentes, principalmente pelo que representam na luta contra o racismo e processo de braqueamento da sociedade brasileira, mas não mantém a mesma coerência quando a religião é o cristianismo!
Ou seja, a esquerda só respeita às religiões quando são vinculadas à algum grupo minoritário!
Já no caso atual, o funk, que tem a sua liberdade de expressão tão defendida pela esquerda em razão da manifestação cultural que representa, agora sofre limitação a essa liberdade pelos mesmos grupos!
Isso fundamenta ataques como o da matéria ora compartilhada!
Enfim, em síntese, falta-nos manter uma coerência em relação aos limites da liberdade de expressão, sob pena de continuarmos sendo, legítimamente, atacados pela direita brasileira!