Os Estados Unidos se retiraram da aliança internacional antiaborto assinada no ano passado, da qual o Brasil faz parte. Os governos Trump, Bolsonaro e outros 30 países – muitos deles países de maioria muçulmana – como Egito, Arábia Saudita e Paquistão – se aliaram em uma declaração internacional contra políticas que preveem o acesso ao aborto e em defesa da família. A formação do grupo foi costurada pela diplomacia do governo Trump e consolidada depois que o Conselho de Direitos Humanos da ONU reconheceu o acesso ao aborto como um direito universal.

O governo Biden sinalizou nos primeiros dias de trabalho que adotaria uma posição diferente. Nesta quinta-feira (28), a saída do acordo, conhecido como Consenso de Genebra, foi oficializada em uma ordem executiva com medidas de saúde. Na ordem executiva, Biden afirma que “o Secretário de Estado e o Secretário de Saúde e Serviços Humanos, de maneira oportuna e apropriada, retirarão o copatrocínio e a assinatura da Declaração de Consenso de Genebra e notificarão outros signatários da declaração e outras partes apropriadas da retirada dos Estados Unidos”.

A lista dos signatários da Declaração de Genebra, na ocasião, incluiu Bahrein, Bielo-Rússia Benin, Brasil, Burkina Faso, Camarões, Congo, República Democrática do Congo, Djibuti, Egito, Suazilândia, Gâmbia, Haiti Hungria, Indonésia, Iraque, Quênia, Kuwait, Líbia, Nauru, Níger Omã, Paquistão, Polônia, Arábia Saudita, Senegal, Sudão do Sul, Sudão, Uganda, Emirados Árabes, Estados Unidos e Zâmbia.

Na semana passada, os EUA já haviam sinalizado que a mudança de governo representaria o esvaziamento da aliança. Há uma semana, ao indicar formalmente à Organização Mundial da Saúde que os EUA não iriam mais se retirar do organismo, o governo Biden afirmou que o país apoiaria os “direitos reprodutivos” das mulheres no mundo.