Aécio Neves é tratado na imprensa como provável candidato. Ele mesmo se coloca nesta condição e ressalta que José Serra tem direito de pleitear a vaga de candidato do PSDB à presidência da República. Nuvens de dúvidas pairam o ninho tucano.
José Serra deu demonstração de força nas últimas semanas ao emplacar um de seus interlocutores na imprensa em um dos principais jornais do país. Parece pouco, mas não é. A posição dos veículos de comunicação terá relevância na hora de o PSDB decidir seu destino, com esse passo, José Serra mostra que está na luta e tem pernas para tanto.
Aécio Neves perdeu terreno depois da aliança de Marina Silva com Eduardo Campos. A ex-ministra agrega ao pernambucano crescimento nas pesquisas, espaço na região Sul e Sudeste, interlocutores na imprensa, universidade, ONG’S e até multinacionais ambientalmente corretas. Campos tem lastro no Nordeste, aparece com dois dígitos nas pesquisas e os jornalistas quando entrevistam petistas perguntam do pernambucano e tocam pouquíssimo no nome de Aécio Neves. Prova de força.
O PSDB tem Minas e São Paulo, será que o neto de Tancredo também? Geraldo Alckmin é tímido ao demonstrar apoio ao mineiro. O governador pretende contar com o PSB nas eleições de 2014 e ao que tudo indica seu namoro com o partido de Campos em SP segue firmão: os “socialistas” apresentaram Alckmin em propaganda partidária como exemplo de seriedade. Nem o PSDB o defende com tanta exaltação. Aécio Neves tem Minas Gerais em suas mãos e a cúpula tucana o quer candidato, entretanto, esta irá apoiá-lo a medida que o senador demonstrar-se viável.
Eduardo Campos apresenta dia após dia habilidades como articulador. O principal nó de sua aliança com Marina é a instabilidade com o agronegócio. Em sua primeira entrevista depois de fechar com o PSB Marina Silva espinafrou Ronaldo Caiado, um dos expoentes políticos do ruralismo. Depois do dardo marinista, o goiano de temperamento forte disse a uma rádio nordestina que Eduardo Campos é covarde. O governador respondeu com a seguinte proposta: o PSB deve abrir mão de candidatura própria em Goiás e apoiar Caiado (DEM) ao governo do Estado. Com isso, o candidato do PSB amarra o ruralista e assegura sua aliança com o setor responsável pelos principais saldos positivos da economia nacional. O xingamento de Caiado entrou por um ouvido e saiu pelo outro do articulado Campos.
Fechar com Marina já foi um golaço do governador de Pernambuco, levar o agronegócio junto para seu flanco será goleada. Eduardo Campos se habilita para ocupar o espaço de líder nacional que Lula por força do tempo deixará em breve. O neto de Miguel Arraes terá de caminhar bastante para confirmar-se como líder nacional porque o PT é uma pedra e tanto em seu caminho. O Partido dos Trabalhadores fez festa em Brasília pelos 10 anos do Bolsa Família e pretende levar o show regrado a discursos para o Nordeste. As alianças regionais do PT são mais sólidas. Lula já entrou com força total no jogo. Dilma é favorita. Mas o PT se assusta com o clima de mudancismo que favorece novidades como Eduardo Campos e Marina Silva. Aécio Neves hoje preocupa menos e José Serra surge como possibilidade.
Quanto mais terreno Aécio Neves perde para Eduardo Campos e José Serra, maiores as chances de a cúpula do PSDB abandoná-lo, de a mídia tradicional abraçar Serra e outra parte dela apostar no governador com cara de Chico Buarque e alma de Lula. ?? por essas e outras que dizem que Aécio Neves é cada vez menos candidato à presidência da República e cada vez mais candidato ao governo de Minas. A ver.