Com o afrouxamento das regras e queda de restrição de algumas atividades comerciais, a economia começa a dar sinais de melhora, empurrada pela vacinação que já atingiu mais de 100 milhões de pessoas com as duas doses da vacina, a população passou a se sentir mais confiante para retomar as suas atividades.
Quem se afastou das atividades físicas, por conta do abre e fecha das academias, já retomou as práticas esportivas, e isso tem se refletido nos consultórios médicos. De acordo com o Chefe do Departamento de Trauma do Hospital do Trabalhador, Dr. Renato Raad, os reflexos da paralização das atividades físicas está resultando em um número maior de pessoas lesionadas devido ao tempo que ficaram paradas e por quererem recuperar aquilo que não pôde ser feito em mais de um ano de restrições.
Segundo Raad, cerca de 90% das pessoas pararam com suas atividades físicas durante a pandemia. Das que retomaram a prática sem orientação adequada, 50% acabam sofrendo lesões.
“São pessoas que estavam habituadas a realizarem as práticas esportivas e mantiveram o distanciamento e isolamento social. Agora, com a retomada, querem recuperar o tempo perdido, acabam exagerando e isso leva a lesões. Algumas, são tão graves que há necessidade de intervenção cirúrgica”, afirma o especialista.
Entre os mais lesionados estão os idosos, por terem mais propensão às lesões pela menor qualidade óssea, articular e muscular.
Lesões mais frequentes
Entre as queixas mais comuns nos consultórios, ocupam o primeiro lugar as lesões na coluna, muitas vezes ocasionadas por excesso de peso e pela prática incorreta de exercícios físicos em seguida, os ombros, joelhos e quadril.
“Muitas vezes, as lesões estão relacionadas à falta de condicionamento e ao peso adquirido com a suspensão da atividade física. As pessoas querem voltar às atividades habituais de antes da pandemia, esquecendo que ganharam peso e que não estão mais na mesma forma de antes”, diz Raad.
Como evitar as lesões sem deixar a prática esportiva de lado?
Para o especialista, é fundamental que as pessoas conheçam o seu corpo e o seu ritmo, sem querer exigir demais, afinal, mais um ano de atividades físicas foi sacrificado em virtude da pandemia.
Na retomada das atividades físicas sempre é recomendado realizar inicialmente alongamentos e reforço muscular sem atividades com impacto, para evitar lesões musculares, tendinosas e articulares, pois a musculatura e os tendões estarão enfraquecidos e encurtados e as pessoas podem ter aumentado o peso corporal pelo sedentarismo levando a lesões das articulações se fizerem quando acima do peso atividades físicas com impacto.
Antes de tudo, é necessário passar por uma avaliação médica para saber como o seu corpo está se comportando e para avaliar qual tipo de intensidade da atividade que ele pode suportar, além disso, o acompanhamento de um profissional de educação física é fundamental para evitar lesões.
“As pessoas não podem exigir de si que ‘peguem no tranco’. É natural querer correr atrás do prejuízo, afinal de contas, o verão está aí, mas o mais importante é evitar as lesões para não adquirir mais um problema. O ideal é que a retomada seja gradativa, em média uma hora por dia, três dias na semana, para que o corpo volte a se acostumar com as atividades, sem forçar exageradamente um grupo de músculos”, conclui o especialista.
Sobre Renato Raad
Médico ortopedista, traumatologista, formado em medicina pela Universidade Federal do Paraná, com especialização em ortopedia e traumatologia (SBOT). Atualmente é Chefe do Departamento de Ortopedia do Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba (PR) e Membro da Equipe de Ortopedia e Traumatologia e Chefe do Departamento de Trauma do Hospital do Trabalhador, também em Curitiba (PR).