Uma pesquisa apresentada por Márcia Cavallari, CEO do IBOPE Inteligência, durante a 103ª Reunião do G100 Brasil – grupo que reúne alguns dos principais empresários, presidentes e CEOs do país – mostrou as principais conjunturas e perspectivas entre o período eleitoral de 2018 e o início do governo do presidente Jair Bolsonaro. Os últimos dados levantados pelo órgão mostram uma reprovação significativa no que diz respeito a regras específicas dentro da Reforma da Previdência, como aposentadoria diferenciada para políticos e servidores públicos.

De acordo com Márcia Cavallari, em dezembro de 2018, as propostas do governo, incluindo a Reforma, tinham alta aprovação, mas esse cenário mudou. ???Atualmente, três quintos dos entrevistados em nossa última pesquisa ainda concordam total ou parcialmente com a necessidade das mudanças, porém com ressalvas; 62% acham que a mulher e o trabalhador rural devem se aposentar com menos idade, mas apenas 38% concordam que políticos e funcionários públicos devam ser beneficiados???, explana Cavallari.

Ainda segundo ela, seis em cada dez entrevistados acreditam que estes critérios deveriam mudar para que o todo seja aprovado, prejudicando, portanto, o andamento da pasta. ???Enquanto isto não for resolvido, a população não irá apoiar a Reforma???, alerta.

Polêmica sobre o porte de armas

Outro dado inédito levantado em abril pelo IBOPE Inteligência expõe a desaprovação do porte e da liberação de armas de fogo. Após a assinatura pelo Presidente do decreto que regulamenta o uso, 63% dos entrevistados são contra a flexibilização da posse de armas, e 73% são contra a posse.

???A sociedade brasileira de forma geral não aceita o porte e a posse de armas. 67% dos entrevistados discordam que aumentar o número de pessoas armadas torna a sociedade mais segura; 65% discordam que carregar uma arma deixa a pessoa mais segura; e 49% discordam que ter uma arma em casa traz mais proteção???, pontua a CEO do IBOPE Inteligência.

Frustração

De forma geral, a executiva afirma que o governo começou com uma boa expectativa, mas, nos primeiros quatro meses, foi perdendo o apoio da sociedade, em função dos fatos ocorridos. ???Enquanto isso, a economia brasileira está estagnada. Cresce, assim, o desemprego e a inflação. Precisamos monitorar daqui para frente se a presidência, com as medidas que foram tomadas, conseguirá reverter o quadro???, diz.

Novo panorama da publicidade brasileira

O outro painel em evidência na Reunião G100 Brasil abordou os atuais desafios da publicidade brasileira. O segmento tem evidenciado mudanças significativas não somente no Brasil, mas também no mundo, fator que influencia diretamente na maneira como as empresas precisam enxergar a comunicação com seu público final. A área digital é de suma importância, como explicou João Luiz Faria Netto, presidente do CONAR Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária.

Faria Netto destacou um novo anexo do Código de ??tica e Autorregulamentação Publicitária (1978) que tratará especificamente dos Digital Influencers, tendência que se fortalece na internet nos últimos anos.

???Neste mundo disruptivo, temos que nos atentar ao que acontece nas redes sociais e trabalhar com velocidade. Hoje, nosso grande desafio é entender e trabalhar junto com a internet???, ratifica. Segundo o presidente da entidade, com a nova regulamentação, o formador de opinião será tratado como um veículo de comunicação, devendo, portanto, prestar contas do que faz, e de quando o conteúdo é publicitário. ???Não existe permuta. Todo merchandising precisa ser identificado???.

Dra. Gabriela Morette, sócia da TRW Trench Rossi Watanabe Advogados, também participou do debate, mostrando o contraponto da visão corporativa. ???O código foi criado quando a internet era muito distante, mas com a evolução da rede, também veio a evolução dos anúncios. O usuário, hoje, é também produtor de conteúdo, e esse conceito também mudou para a publicidade. Essa adequação é muito importante???, diz.