Não se deixe enganar pelo tamanho da obra: às vezes, poucas páginas podem ecoar por meses na cabeça dos leitores. Isso diz muito sobre o livro de estreia da escritora Izadora Silva Pimenta, “O Conto da Ruptura” (Editora Minimalismos). Inspirada na forma de descrever o mundo a partir do fluxo de consciência, Izadora traz uma história sobre um encontro profundo de duas personagens que traçavam caminhos distintos até se cruzarem – e que decidem que esses caminhos são mais importantes do que a conexão que existe entre ambos.
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O livro está em fase de pré-venda e possui ecos da própria experiência da autora no exterior como mulher, negra e latina, embora não seja autobiográfico. Em janeiro de 2026, Izadora estará no Brasil para o evento oficial de lançamento de “O Conto da Ruptura”, previsto para ser realizado em Campinas (SP), sua cidade natal.
Uma pequena amostra do quanto “O Conto da Ruptura” tem uma proposta literária diferenciada é o fato de começarmos a falar da obra pelo seu fim, e não pelo começo, como é comum quando se apresenta uma nova história. “As pessoas que já leram gostaram bastante, principalmente pelo tom de conversa, carta, ou desabafo que ela tem e por conta de contar uma história de amor que não tem um final feliz, nem triste. Só tem um final”, adianta Izadora.

Outra característica marcante deste romance é que seu mote é a abordagem da vida de duas pessoas que não se sentem pertencentes ao lugar que habitam, um sentimento bastante compartilhado por pessoas que decidem viver fora do país de origem, inclusive por Izadora, que traduz isso em poucas palavras.
“Para sobreviver neste lugar, elas criam uma casca, uma impressão delas nesse mundo para a qual elas batalharam tanto que não conseguem colocar essa casca a perder. Acho que essa experiência fala com muitas pessoas que vivem no exterior. A gente quer manter a nossa essência ao máximo. Mas vez ou outra a gente se sente pressionado a criar essa casca. Uma imagem de si que não é a sua para que outras pessoas te aceitem e criem espaço”.
Izadora Silva Pimenta sobre “O Conto da Ruptura”
Os leitores que já desejam garantir essa experiência literária curta e impactante podem adquirir a obra na pré-venda. “O Conto da Ruptura” está disponível no site da Editora Minimalismos (www.editoraminimalismos.com), pelo valor promocional de R$ 45. O desconto será válido por cerca de quatro semanas – tempo equivalente à finalização da obra e envio para impressão na gráfica.
Sinopse
“Entre o sonho e a sobrevivência, esse conto atravessa o que é ser, sentir e tentar pertencer. Na obra, duas pessoas se encontram no meio do caminho, entre palavras, silêncios e saudades. É sobre o que a gente carrega por dentro, mesmo quando o mundo diz que não tem espaço. Um mergulho nas pequenas rupturas que moldam quem a gente é”.
Do Brasil para a Alemanha: as vivências por trás de “O Conto da Ruptura”
Izadora Silva Pimenta é natural de Campinas (SP), e mudou-se para Darmstadt, na Alemanha, em 2019, para dar continuidade à sua vida acadêmica. Ela é graduada em Comunicação Social – Jornalismo, mestra em Linguística Aplicada e doutora em Linguística. Atualmente, ela tem conciliado a dedicação à literatura com a carreira como pesquisadora em Análise de Políticas Públicas no Ensino Superior e às práticas de políticas de diversidade no cenário educacional do país europeu.
Conhecer esse contexto é fundamental para compreender a fundo a proposta literária de “O Conto da Ruptura”. “Comecei a escrever esse livro em um momento em que tinha voltado do Brasil e tinha lido alguns livros da Clarice Lispector. Em 2024, também ‘entrei em uma onda’ de ler James Joyce. Então, a vontade de escrever um fluxo de consciência me impulsionou, eu acho. Por outro lado, acredito que a obra reflete algum tempo gasto nos meus próprios pensamentos sobre significados abstratos e coisas que foram boas, mas que não necessariamente precisam voltar”, explica Izadora, que escreveu o livro em apenas dois meses.
O título “O Conto da Ruptura”, segundo ela, surgiu em meio a própria escrita do livro. “Já que o relato do livro é sobre duas pessoas que viveram um momento que estava fora da rotina delas. Uma ‘ruptura’ na qual elas pularam dentro e viveram juntas”, completa. Sua expectativa com o livro é alcançar pessoas que possam sentir tanto quanto ela mesma ao escrever a obra. “Acho que o grande diferencial do livro, talvez, seja em fazer esse jogo de palavra de significados das coisas e conectar com a história das personagens”.
Sobre Izadora Silva Pimenta
A autora campineira se define como “Uma mulher negra brasileira de 33 anos que não sabe mais onde se sente em casa fisicamente”. Isso porque a escritora vive na Alemanha há seis anos. “Talvez se sentir ‘em casa’ está nas pequenas coisas, como uma comida boa, um banho de mar ou brincar com um cachorro fofinho. Gosto de viajar para descobrir não apenas outras culturas, mas também um pouco mais de mim. Escrever me conecta com a pessoa que eu sou desde a minha infância. É algo que nunca morreu em mim”, revela.
“O Conto da Ruptura” reflete diretamente sua experiência enquanto mulher, negra e latina que habita novos espaços. “Além de tudo, minha experiência é sobre vir da classe trabalhadora e me ver em meio a tantas outras pessoas que possuem gerações de pais e avôs acadêmicos, que sempre tiveram conforto em tudo na vida”.
Todas essas influências aparecem em momentos da obra como quando a protagonista diz que “está acostumada a não ter coisas que ela gostaria de ter”, ou que “a esperança faz parte do vocabulário”. “E, especialmente, a obra é sobre ser mulher e negra. Tenho que tentar contar sem spoilers, mas tem um trecho que ela relata uma situação na qual ela se sentiu uma mulher. E isso fala com a questão de ter sido muito vista como um objeto, como uma pessoa ‘objetificada’, como a pessoa que é desejada, mas nunca amada. Quando ela relata que, em meio ao desejo, sentiu que estava sendo desejada porque alguém realmente gostava dela, ela diz que ‘se sente mulher’. O significado de ‘ser mulher’ que nunca bate com a experiência de ser mulher da mulher negra”.
Izadora também ressalta que ser uma mulher negra é “ter que lidar milhões de vezes com a solidão no amor”, mas que sua personagem em “O Conto da Ruptura” consegue superar isso. “Esse também foi um trecho que eu pesquisei bastante para escrever porque eu queria relatar a situação que se passa no livro – a personagem está descrevendo um momento sexual que ela viveu com outra pessoa – de uma forma bastante genuína. Tomar o poder de escrever esse momento de uma ótica que não está relacionada ao que já foi escrito sobre isso, e sim sobre um sentimento único, exigiu bastante trabalho, mas fiquei muito feliz com o resultado”.
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