A redução da disponibilidade hídrica nos principais mananciais das Bacias PCJ, provocada pelo início da estiagem e somada a baixa incidência de chuvas para o ano de 2021, apontam para situação de alerta quanto ao início de processo climático extremo de seca na região.

Conforme já alerdado previamente pelo Consórcio PCJ, a estiagem de 2021 vem se apresentando bastante severa e isso reforça o posicionamento da Entidade sobre a constatação de que os eventos climáticos extremos já são uma realidade na região e refletem diretamente no comportamento dos mananciais.

A gravidade da situação é constatada nos números observados pelo monitoramento dos dados climatológicos e hidrológicos. Para o mês de maio, até o presente momento (28/05), foram registradas chuvas nas regiões de cabeceiras na ordem de 29,3 mm, o que representa precipitações 62% abaixo do esperado para o período, entretanto, o destaque negativo ficou com o mês de abril, que registrou apenas 9 mm correspondendo a 89% menos chuva do que o esperado.

Para a área de drenagem de toda as Bacias PCJ as precipitações também estão abaixo das médias histórica em todos os meses de 2021. O esperado para o ano inteiro é que chova 1.213,11 mm, mas a permanecer esse comportamento climático dificilmente atingiremos o esperado de chuvas até o final do ano.

Atrelado a baixa quantidade de chuvas a vazão de afluência aos reservatórios do Sistema Cantareira também têm se apresentado abaixo da média histórica. Por exemplo, nesse mês de maio, foi registrado até o momento apenas 9m³/s de vazão de afluência, quando o esperado é de 33,44m³/s. Esse comportamento está ocorrendo durante todo esse ano o que significa que estamos consumindo a água armazenada de outros períodos, o que conota que estamos passando por um estresse hídrico.

Essa situação se reflete imediatamente na quantidade de água armazenada nos reservatórios do Sistema Cantareira, que está operando com volumes de armazenamento abaixo do recomendado para o período. Atualmente o Cantareira registra apenas 48% de volume (faixa de atenção) enquanto que no mesmo período do ano passado o Cantareira operava com 58,4%, sendo que o recomendado seria estar operando com volumes próximos a 70%. Isso é um sinal de alerta sobre a necessidade de recarga do Cantareira para o próximo ano, pois a permanecer essas retiradas com vazões de afluências menores poderemos ter problemas para o próximo ano, em 2022. Porém, existem grandes chances de alguns municípios, principalmente os 58 não atendidos diretamente pelas vazões regularizadas pelo Sistema Cantareira, enfrentarem algum tipo de problema de escassez de água nos serviços de abastecimento ou redução da disponibilidade hídrica durante a estiagem deste ano.

O Consórcio PCJ atenta que nos próximos meses as chuvas historicamente começam a ocorrer em menor volume na região das Bacias PCJ atingindo o ápice do período seco de estiagem entre os meses de agosto e setembro, com grande redução da capacidade de recuperação dos reservatórios. Por esse motivo, é importante os municípios se preparem com ações de contingenciamento como, medidas educativas e de educação ambiental voltadas ao uso racional de água, campanhas de sensibilização sobre o consumo da água, obras que ampliem a recarga do lençol freático que nãos sejam de alto custo e podem ser executadas agora, como as Bacias de Retenção em Zonas Rurais e os piscinões ecológicos nas áreas urbanas bem como o fomento e implantação de cisternas para captação de água de chuva em residências indústrias e prédios públicos.

Como medidas de longo prazo, que demandam investimentos maiores, é recomendável a contratação de estudos e implantação de reservatórios municipais de água bruta, assim como também devem ser considerados e avaliados ações estratégicas de instalação de reservatórios de água tratada em bairros críticos, para garantir maior segurança hídrica.

As ações para minimizar os problemas das estiagens são complementares entre si e envolvem uma série de medidas estruturais e não estruturais que estão associadas. A sensibilização da comunidade e a implementação de políticas públicas eficientes que garantam a resiliência dos mananciais envolve tanto o poder público quanto a ação da sociedade em geral.