Por Pedro Signorelli OKR

Melhorar constantemente, esta simples, porém poderosa premissa está presente nas mais bem-sucedidas organizações do mundo nas últimas décadas. O conceito de Kaizen, que em japonês significa “mudança para melhor”, floresceu no Japão do pós-guerra, especialmente no setor industrial. Mais do que uma metodologia, o Kaizen representa uma cultura. Uma mentalidade de aprimoramento constante, centrada nas pessoas, nos processos e na eliminação de desperdícios.

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Por muito tempo, essa foi a base da melhoria contínua nas empresas. A filosofia Kaizen nos ensinou que não há fim para o aperfeiçoamento. No entanto, o mundo mudou e a forma como as companhias operam e se transformam também. Vivemos hoje uma era de velocidade exponencial, em que o simples ato de melhorar não é mais suficiente. É preciso melhorar com foco, com direcionamento e, principalmente, com mensuração clara de impacto.

OKR

Nesta linha, uma das metodologias mais atuais é a dos OKRs (Objectives and Key Results). Se o Kaizen deu os primeiros passos na criação de uma cultura de melhoria contínua, os OKRs representam a maturidade dessa evolução. Eles não substituem a mentalidade Kaizen, ao contrário, a potencializam. Enquanto o Kaizen é o espírito da transformação, os OKRs são o instrumento que organiza essa transformação em ciclos mensuráveis, ambiciosos e orientados a resultados.

Ao adotarmos uma gestão por OKRs em uma organização, estamos trazendo o Kaizen para o contexto contemporâneo, em que a estratégia precisa se tornar viva, conectando o dia a dia das equipes à visão de futuro da empresa. Em vez de depender apenas de melhorias incrementais e ações isoladas, os OKRs ajudam a alinhar toda a organização em torno de prioridades claras, objetivos inspiradores e métricas bem definidas.

Mas atenção: OKR não é apenas uma metodologia de metas. É um modelo de gestão com base em ciclos curtos, aprendizado contínuo e foco naquilo que realmente move a agulha do negócio. É, em muitos aspectos, Kaizen com bússola, velocidade e transparência.

Essa evolução não acontece por acaso. À medida que os negócios se tornaram mais digitais, mais complexos e mais imprevisíveis, as empresas passaram a precisar de ferramentas que conectam intenção e execução, visão e ação. O Kaizen nos ensinou a nunca parar de melhorar. Os OKRs nos ensinam para onde devemos melhorar  e como saber se estamos conseguindo.

O elo entre esses dois mundos é a disciplina. Não existe OKR bem executado sem um compromisso genuíno com o aprendizado, com a responsabilidade sobre o erro, com a adaptação. Da mesma forma que o Kaizen exige humildade para admitir que sempre há o que melhorar, o OKR exige clareza e coragem para dizer o que realmente importa, e o que pode ser deixado de lado.

Hoje, vejo muitas empresas tentando escalar a gestão com OKRs sem compreender que, antes da ferramenta, é preciso ter a cultura. O Kaizen, nesse sentido, não é só um capítulo da história: é o alicerce. Os melhores OK nascem onde já existe um ambiente de colaboração, escuta, autonomia e desejo de fazer melhor. Mas se não tenho isso não posso começar? Claro que pode, os OK também podem servir como ferramenta para implementar esta cultura.

Portanto, se sua organização está implementando OKRs, olhe para o passado. Busque as raízes da melhoria contínua. Entenda que os OKRs são a evolução natural de uma mentalidade que valoriza o processo tanto quanto o resultado. Em um mundo que muda o tempo todo, o verdadeiro diferencial não é só melhorar. É saber melhorar com direção, impacto e propósito.

Pedro Signorelli é um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKRs. Já movimentou com seus projetos mais de R$ 2 bi e é responsável, dentre outros, pelo case da Nextel, maior e mais rápida implementação da ferramenta nas Américas.

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