Estou lendo a biografia de Lula, livro homônimo escrito por Fernando Moraes. Um livro que conta o drama, as dúvidas, as angústias e a pressão toda sofrida pelo ex-presidente a partir da decretação da prisão pelo ex-juiz, ex-ministro e neo político partidário Sérgio Moro, entre muitas outras histórias da vida desse metalúrgico que transformou a história do Brasil; que, presidente da República, materializou a esperança de termos um país soberano no sentido amplo da palavra. História sofrida como a da imensa maioria dos brasileiros trabalhadores e trabalhadoras tantas vezes invisíveis ao sistema, tantas vezes injustiçados.
E de injustiça podemos falar com propriedade, depois de vermos nosso maior líder ficar preso por 580 dias numa cela; apenas não incomunicável por pressão popular. Lula foi impedido de comparecer ao velório do irmão, Vavá (deram a autorização no mesmo horário do enterro); conseguiu ir ao velório do neto, Arthur, e só foi autorizado a dar entrevistas após pressão externa. Para relembrar, a juíza federal Carolina Lebbos, negou 11 pedidos de entrevistas da imprensa a Lula em julho de 2018.
Mesmo na condição de preso (injustamente) Lula teve direitos legais negados ou dificultados. Não queriam Lula livre. Tivemos de resistir, acampar, mobilizar, até que o STF decidisse pela inconstitucionalidade da prisão em segunda instância. Poderia tê-lo feito no início do processo, em 2018, mas não o fez permitindo que Moro tirasse Lula da disputa vencida pelo então candidato e seu futuro patrão, Jair Bolsonaro.
O que se sucedeu sabemos: Vaza-Jato, revelações escandalosas de manipulação da Justiça, duas dezenas de processos contra Lula anulados, suspeição de Sérgio Moro (terá punição?) etc etc etc.
O custo disso foi alto demais. Está sendo. Temos um país desmoralizado e sendo destruído. Temos uma pandemia que matou 614 mil pessoas em menos de dois anos. Temos muito a lamentar e a reconstruir.
Lula volta à cena política, de onde jamais deveria ter sido retirado, pelo bem da Democracia e do Brasil, mas ficam perguntas do ponto de vista Civil e político: quem vai ressarcir Lula de tamanha injustiça? Já que as perguntas políticas trabalharemos para respondê-las positivamente nas urnas, em 2022.
Viva a Democracia. Viva a verdade.
Márcia Lia
Deputada Estadual