A Covid-19 revelou uma faceta preocupante da globalização: a interdependência. Dos componentes de nossos celulares aos itens de segurança do trabalho utilizados pelos profissionais de saúde no combate à pandemia, quase tudo teve, em alguma etapa produtiva, a participação do trabalhador do país mais populoso do mundo. Estamos falando da China, o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009.

A pandemia nos força a buscar soluções frente à possível recessão econômica e me questiono: não seria este o momento de repensar o modelo de industrialização no Brasil? A recuperação do emprego e da renda das famílias brasileiras teria um salto gigantesco com o investimento maciço na indústria nacional.

Somos grandes fornecedores mundiais de insumos. Exportamos principalmente petróleo, aço, soja e carne para China, Estados Unidos e União Europeia. A Argentina é nosso principal parceiro da América Latina.

Importamos produtos manufaturados, medicamentos para a medicina humana e veterinária, óleo combustível derivado do petróleo, partes e peças de veículos, circuitos integrados e conjuntos eletrônicos (alô, smartphones!), inseticidas e automóveis. Será mesmo que não temos condições de produzi-los em território nacional?

A crise do coronavírus mostrou o quanto é inviável a dependência industrial de outros países. A produção diária de máscaras de proteção do tipo N95 superou 1,07 milhão de unidades na China, focada em conquistar novos mercados sedentos pelo produto. Empresários chineses correm atrás do prejuízo causado pelo coronavírus, que fez o PIB (Produto Interno Bruto) local encolher 6,8% no primeiro trimestre do ano.

Se houve retração da economia chinesa, como não ocorria desde 1976, imagine o que acontecerá com as finanças em nosso país. Chegou a hora de investir no mercado interno.

Chico Sardelli é empresário e presidente do PV em Americana. Fones (19) 3461-7887 | (19) 3461-3737