(Reuters) – Ao mesmo tempo em que enxergam a inflação e a taxa básica de juros maiores no final deste ano, os economistas consultados semanalmente pelo Banco Central também preveem que a economia brasileira crescerá menos no período, abaixo de 2,5 por cento.
Segundo pesquisa Focus do BC divulgada nesta segunda-feira, os analistas de instituições financeiras elevaram a projeção da Selic neste e no próximo ano a 9 por cento, ante 8,75 por cento,
Para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em julho, a expectativa na mediana é de que a taxa básica de juros, hoje em 8 por cento ao ano, seja elevada em 0,50 ponto percentual, a 8,50 por cento.
Já no Top 5, com as instituições que mais acertam suas previsões no Focus, no médio prazo, os economistas também veem a Selic maior, a 9,25 por cento em 2013 e em 2014, ante 9 e 9,25 por cento respectivamente na pesquisa anterior.
Apesar da expectativa de que o ciclo de aperto monetário será mais intenso, após o BC reforçar que trabalhará com “a devida tempestividade” para garantir que a inflação entre em declínio, os economistas elevaram a projeção para o IPCA neste ano a 5,83 por cento, ante 5,80 por cento. Para 2014, mantiveram as contas em 5,80 por cento.
Na semana passada, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, afirmou que a inflação no Brasil está e continuará sob controle e que a autoridade monetária está comprometida com a estabilidade de preços.
As atenções voltam-se agora para a divulgação na sexta-feira do IPCA-15 de junho, depois de o IPCA ter mostrado desaceleração da alta em maio a 0,37 por cento.
ATIVIDADE ESFRIANDO
Sobre o Produto Interno Bruto (PIB), os economistas consultados no Focus reduziram a projeção da expansão neste ano a 2,49 por cento, ante alta de 2,53 por cento anteriormente. Para 2014, a projeção permaneceu em 3,20 por cento.
A inflação mais elevada tem impactado a economia, sobretudo via consumo, e nem mesmo os diversos estímulos dados pelo governo estão sendo capazes de acelerar de forma mais consistente a recuperação da atividade.
O Focus mostrou ainda que a perspectiva de crescimento da produção industrial neste ano foi reduzida a 2,50 por cento, ante 2,53 por cento na pesquisa anterior. Para 2014, por outro lado, a projeção foi elevada a 3,20 por cento, frente a 3,0 por cento.
Em relação ao dólar, que registrou alta recentemente frente ao real, o Focus mostrou que os economistas mantiveram suas contas sobre o câmbio no final deste ano, com o dólar a 2,10 reais.
A valorização da moeda norte-americana, que chegou a atingir o patamar de 2,15 reais, levou o governo a agir na semana passada zerando a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente sobre posições líquidas vendidas no mercado futuro de dólar.