Mais uma vez, os alunos dos Ensinos Médio e Técnico integrado ao Médio das Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) apresentaram um bom desempenho no vestibular. De acordo com levantamento realizado junto às unidades, eles conquistaram cerca de 3,6 mil vagas em instituições públicas de Ensino Superior. Considerando apenas as Faculdades de Tecnologia do Estado (Fatecs), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade de São Paulo (USP), o número de aprovados superou 2,1 mil.

Alta concorrência
Num dos cursos mais procurados pelos vestibulandos, o de Medicina, Rodrigo Teixeira, ex-aluno da Etec Basilides de Godoy, da Capital, foi aprovado na Unesp, Unicamp, Unifesp e USP. Da Etec Comendador João Rays, de Barra Bonita, na região de Bauru, Branda Oliveira passou na Unicamp, Unifesp e USP, e Gláucia Franco, na Unesp e USP.
Em duas outras áreas muito concorridas, Engenharia e Construção Civil, Guilherme Moreira, recém-formado no curso técnico de Administração integrado ao Ensino Médio da Etec de Itaquaquecetuba, na Região Metropolitana de São Paulo, foi muito bem. Passou no curso superior tecnológico de Construção de Edifícios na Fatec Tatuapé, cuja demanda era de quase dez candidatos por vaga. Foi aprovado também em Engenharia de Produção na Universidade Federal de São Carlos (UfsCar) e Engenharia Civil na Unesp e USP. “Fazia o curso em período integral na Etec. Depois ainda estudava pelo menos duas horas por dia depois das aulas”, conta Guilherme, que optou por estudar na USP. 
Superação
A Etec Paulo Guerreiro Franco, de Vera Cruz, na região de Marília, tem um exemplo que ilustra bem a cultura inclusiva das unidades do Centro Paula Souza (CPS). Isso se dá seja por meio de aspectos pedagógicos, tecnologias assistivas e estrutura física, para levar uma educação de qualidade aos jovens com os mais variados tipos de limitações.
Augusto da Silva, que concluiu o curso técnico de Agropecuária integrado ao Ensino Médio no fim do ano passado, sofre de uma doença rara, a síndrome de Moebius, um distúrbio neurológico que afeta diretamente os músculos faciais e, em alguns casos, pode comprometer também o desenvolvimento intelectual.
“Ele chegou à Etec com uma trajetória educacional marcada pelo preconceito, tanto que os pais disseram que nunca tiveram o acolhimento que encontraram aqui”, relata a diretora da unidade, Sônia de Sousa. Com o auxílio de duas professoras de apoio, Augusto superou as dificuldades de aprendizado, se formou e conseguiu entrar no curso de Engenharia Eletrônica da Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UFTPR).
“No que diz respeito à aprendizagem, os avanços foram consideráveis. Mas os ganhos maiores foram na vida pessoal. Conversamos muito com a família, conseguimos que dessem mais autonomia ao Augusto”, avalia a diretora. “Ele passou a ser responsável pela própria alimentação, roupas, além de vir para a escola de ônibus, sem ajuda de ninguém.” Para fazer o curso em Curitiba, Augusto está morando com parentes.
Nos últimos cinco anos, o CPS treinou aproximadamente 2 mil professores e funcionários em temas como integração, práticas pedagógicas, metodologias de ensino, tecnologias assistivas, legislação e linguagem de sinais.