(Reuters) – O governo norte-americano lançou uma revisão interna de possíveis danos à segurança nacional por causa da revelação de programas secretos de vigilância dos Estados Unidos, enquanto um grupo de senadores e empresas de tecnologia pressionavam esta terça-feira o governo por mais transparência.
Uma fonte graduada de inteligência disse que a revisão correrá paralelamente ao inquérito criminal realizado pelo Departamento de Justiça acerca das revelações feitas por Edward Snowden a respeito das atividades de vigilância da Agência de Segurança Nacional (NSA) envolvendo comunicações telefônicas e dados de grandes empresas de Internet, como Google e Facebook.
A revisão interna vai avaliar se os vazamentos comprometeram fontes e métodos de vigilância e, possivelmente, irá se debruçar sobre conversas entre alvos de inteligência para determinar se essas pessoas alteraram suas táticas por causa do vazamento. Snowden, que prestava serviços à NSA no Havaí, desapareceu depois de se identificar no domingo como autor das revelações em um vídeo publicado pelo jornal britânico The Guardian. Ele havia se refugiado em Hong Kong, mas não voltou a ser visto nesta semana.
A empresa Booz Allen Hamilton, da qual Snowden era funcionário enquanto prestava serviços à NSA, disse que o demitiu na segunda-feira, alegando violações do seu código de ética e das suas políticas internas. A empresa disse que Snowden, de 29 anos, passou menos de três meses como seu funcionário, com um salário anual de 122 mil dólares.
As revelações de Snowden provocaram um intenso debate sobre até que ponto o direito à privacidade deve ser comprometido em nome da segurança nacional nos Estados Unidos e se os programas de vigilância foram submetidos a suficiente escrutínio.
Parlamentares prometeram uma ampla discussão pública e mais esforços legislativos para endurecer as leis relacionadas à vigilância governamental. Um grupo bipartidário de senadores apresentou um projeto destinado a acabar com a supervisão secreta de programas por parte da Corte de Vigilância da Inteligência Estrangeira, solicitando a liberação do sigilo sobre decisões significativas desse tribunal.
Também nesta terça-feira, grandes empresas de tecnologia emitiram uma série de apelos para que o governo acabe com o sigilo sobre solicitações que cada uma recebe das agências de segurança nacional.
O Google enviou uma carta a autoridades do país pedindo que as restrições de sigilo sejam abrandadas, de modo que a empresa possa divulgar o número e abrangência das solicitações judiciais de vigilância, como parte dos relatórios que já são divulgados pela empresa acerca de dados solicitados pelas autoridades.
Microsoft e Facebook também divulgaram notas solicitando ao governo dos Estados Unidos que permita uma maior transparência nesse tipo de pedido.