A inadimplência do consumidor avançou 2,3% em outubro na comparação com setembro, já descontados os efeitos sazonais, segundo dados nacionais da Boa Vista. Em relação a outubro do ano passado, o indicador subiu 0,4%. Com isto, ele acumula queda de 3% no ano (de janeiro até outubro) e no acumulado 12 meses (novembro de 2018 até outubro de 2019 frente aos 12 meses anteriores), respectivamente. 
Regionalmente, na análise acumulada em 12 meses, todas as regiões ainda registram queda: Centro-Oeste (-4,7%), Norte (-2,2%), Nordeste (-3,4%), Sul (-5,3%) e Sudeste (-2,1%). Na comparação mensal, por outro lado, todas as regiões apresentaram alta, com destaque para Norte (3,7%) e Nordeste (3,1%).
A queda da inadimplência observada a partir do final de 2016 pode ser explicada pela maior cautela das famílias, pela capacidade de endividamento dos consumidores ainda limitada pelo fraco crescimento da renda e pelo efeito defasado da maior seletividade dos bancos no período mais agudo da crise.
Com isto, a inadimplência dos consumidores atingiu um patamar historicamente baixo, o que proporcionou a redução dos juros e motivou o aumento das concessões a partir de 2017, o que, por sua vez, vêm resultando em um crescimento significativo do endividamento e do comprometimento de renda ao longo de 2019.
Os economistas da Boa Vista têm alertado que o elevado nível de desocupação e subutilização da mão-de-obra, somado à lenta recuperação da renda, aumenta o risco de que esta expansão recente dos empréstimos resulte em maior inadimplência. 
De fato, os dados do Banco Central já indicam um ligeiro aumento da inadimplência das operações de crédito com recursos livres para pessoas física entre janeiro e setembro deste ano, e o indicador de registros da Boa Vista de outubro aponta na mesma direção.
O cenário ainda não é alarmante, pois a inadimplência segue baixa em relação à média histórica, mas a tendência é de alta. O aumento das concessões, ante uma recuperação lenta da renda e do emprego, tem resultado em maior endividamento e comprometimento dos recursos das famílias com o pagamento de dívidas e, com isto, a inadimplência já mostra sinais de alta.
Outros dados de marcado mostram que a inadimplência cresce mais entre os consumidores de menor renda, exatamente os mais afetados pela lenta recuperação do mercado de trabalho.
Assim, a equipe econômica da Boa Vista volta a ressaltar que uma retomada mais vigorosa e generalizada do crédito aos consumidores, sem aumento dos riscos, segue condicionada, a curto prazo, à evolução do mercado de trabalho e do endividamento das famílias.