Em uma economia baseada em dados, gerar valor por meio de processos digitais tornou-se um desafio para a indústria mundial. A velocidade de adoção das tecnologias que estão relacionadas ao conceito de indústria 4.0 tem tido variações entre os países e setores industriais. Então, não há ainda estratégias claras que mostrem o passo a passo dessa revolução. Isso torna ainda mais complexo o desafio de transformação digital da indústria no Brasil.
Ao mesmo tempo, apesar dos recentes sinais de recuperação, a indústria no País ainda precisa retomar sua trajetória de crescimento consistente. Para o presidente da ABDI, o projeto que se tinha não foi concretizado. ???Até o ano passado, o projeto de crescimento para o País não se concretizou. As empresas investiram na expansão de fábricas, mas o mercado não acompanhou tal expansão???. Dessa forma, o desafio para a indústria nos próximos anos se desdobra em, pelo menos, duas dimensões. A primeira diz respeito a busca pela maior produtividade a partir do aumento da eficiência operacional das plantas. A outra dimensão diz respeito a um processo global detransformação digital da indústria propiciando oportunidades para o desenvolvimento de novos produtos, serviços e modelos de negócios.
Nesse contexto, as tecnologias da indústria 4.0 podem auxiliar a superação desses desafios. Tais tecnologias podem contribuir tanto para geração e criação de novos negócios, como também para o aumento da eficiência operacional. O momento da indústria, agora, demanda uma ênfase na redução de custos e aumento da produtividade.
Algumas das tecnologias da chamada “Indústria 4.0” já estão em adoção no país. “A indústria tem pela frente escolhas estratégicas. A transição da indústria brasileira para esse novo patamar ocorrerá de forma progressiva e heterogênea, com alguns setores e indústrias, seguindo uma trajetória mais acelerada. Levar a indústria a esse novo padrão tecnológico é um desafio para o País”, comenta Bruno Jorge, coordenador de Inovação e da Indústria de Alto Impacto da ABDI.
Em um cenário em que tecnologias como robôs e sistemas de inteligência artifical assumem tarefas que tradicionalmente são feitas por pessoas, a discussão sobre o impacto da indústria 4.0 na força de trabalho tem sido grande. O fato é que tarefas repetitivas e de baixo valor agregado serão transferidas para máquinas e sistemas.
Temas como esse e outros como aspectos regulatórios são debatidos no Grupo de Trabalho de Manufatura Avançada ??? GTMAV da Abimaq. Tal grupo formado por empresas relacionadas às tecnologias que compõem a indústria 4.0 desenvolve análises e também projetos que demonstrem a viabilidade técnica de tecnologias de indústria 4.0 que já estão disponíveis no País.
Um desses projetos, apoiado pela ABDI, foi o demonstrador de manufatura avançada, apresentado na FEIMEC – Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos em 2016 e que envolveu a integração de soluções de 22 empresas em uma linha de produção inteligente. O setor industrial brasileiro tem somado forças ao lado do maior exportador do país, o setor agrícola. A ABDI tem trabalhado para que não apenas as matérias-primas sejam exportadas, mas para que o Brasil seja líder no produto final.
Atualmente, os três maiores itens de exportação são: soja, minério e carne bovina. A exportação do café em fevereiro deste ano, teve um aumento na receita de 1% comparado ao mesmo mês do ano passado, sendo o que o preço médio da saca chegou a US$ 176,74, resultando na alta de 19,6% no comparativo. Porém, se paga caro também quando este grão volta ao nosso país embalado no formato de cápsulas, como explica o presidente da ABDI, Guto Ferreira. “A exportação do café brasileiro, por exemplo, faz com que os outros países transformem os nossos grãos em cápsulas, e exportem para o Brasil de volta.