No mês de agosto de 2021, a inflação atingiu seu nível mais alto desde maio de 2016, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) foi de 8,99%. Segundo Aubert Venson, do departamento de economia da UEL, em entrevista publicada na revista Exame de setembro de 2020, “O IPCA é um índice composto de alimentos, mas também outros itens, como habitação, transporte, vestuário e educação (…) para muita gente, alimentação (…) pesa mais no bolso”, isto agrava a realidade da inflação para a camada assalariada da população.
Em matéria da Folha de São Paulo de março de 2021, são relatados produtos que subiram mais que o índice do IPCA: o óleo de soja aumentou 87,89%, o arroz 69,80%, a batata 47,84%, leite 20,52%, carne 29,51% e assim por diante. Portanto, o IPCA isoladamente não explica estes aumentos de preços, da mesma forma que a pandemia ou a crise política também não. Existem outros fatores que somados estão gerando esta realidade que afeta diretamente todos aqueles que têm a renda indexada ao reajuste anual do salário-mínimo.
A jornalista Camilla Veras Mota da BBC News sintetiza os fatores que desenham esta realidade inflacionária hoje: aumento internacional do petróleo, aumento do minério de ferro, desestruturação de cadeias de abastecimento o que leva a falta peças nas indústrias, a desvalorização do real frente ao dólar, geadas e secas que afetam diretamente a produtividade rural e os custos com energia elétrica. O aumento do petróleo e minério de ferro gera um efeito cascata nos preços que são repassados para o consumidor.
De acordo com o ministro da Economia, Paulo Guedes, o avanço da vacinação está destravando a economia, a exemplo de áreas como o turismo (…) a inflação preocupa, mas está sob controle, tendo em vista que a subida de preços é uma realidade global. O ministro reforça que a solução passa pelas reformas administrativas e tributárias que precisam da atenção do Congresso. Enquanto as reformas caminham a passos lentos, o assalariado terá que ser criativo para manter o equilíbrio do seu orçamento.
Walter Roque Gonçalves é professor ABS/FGV, consultor de resultados