Dois segundos separam Usain Bolt, jamaicano recordista mundial e olímpico, de Vinicius Rodrigues, brasileiro medalhista de prata em Tóquio 2020. Os dois correm 100m nas pistas. Bolt chegou ao recorde de 9s58, enquanto Vinicius atingiu o tempo de 11s95. A diferença entre os dois, além dos dois segundos, é que o brasileiro é paratleta e utiliza uma prótese de joelho. E é esse tipo de marca que a tecnologia pode trazer aos velocistas de alto rendimento com algum tipo de amputação.
Rodrigues, que participou de sua primeira Paralimpíada no Japão no ano passado ao correr nas pistas de atletismo na classe T63 (na qual participam atletas amputados de membros inferiores e que utilizam próteses), possui um joelho ortopédico desde 2019 produzido pela empresa alemã Ottobock, o C-Leg. A tecnologia do equipamento, destinado para pessoas com amputação transfemoral (entre a articulação do quadril e o joelho), completa 25 anos em 2022. Nesse período, mais de 100 mil pessoas já utilizaram a tecnologia, o que significa muitas possibilidades de ajustes para a realidade de pessoas amputadas.
Essa evolução nas próteses e órteses possibilita rotinas com mais segurança, mobilidade e eficiência para quem tem objetivos semelhantes ao do velocista. “Para mim, que sou atleta de alto rendimento, uma prótese avançada ajuda muito em meu desempenho. Sempre que vai evoluindo a tecnologia eu sinto melhora no meu desenvolvimento e na consciência corporal. Toda tecnologia que chega faz a diferença total na minha vida”, explica. Vinícius tem 27 anos e iniciou no esporte após sofrer um acidente e ter a perna esquerda amputada. Atualmente é um paratleta de alto rendimento e Embaixador da Ottobock América Latina.
O equipamento é um grande parceiro no cotidiano de Rodrigues. Um dos diferenciais que o paratleta encontra é o controle por meio de aplicativo. “Desta forma, durante treinos de bicicleta e na prática de exercícios físicos na academia, eu consigo verificar funções do joelho e acompanhar a durabilidade da bateria de forma mais rápida e prática”, afirma. Segundo a Ottobock, os usuários da prótese podem ajustar configurações, rastrear atividades, além de realizar autoteste de articulação de joelho. O aplicativo está disponível tanto para quem tem celulares com iOS quanto com Android.
Pra correr no esporte e pra correria da vida
Não é só no esporte que Rodrigues sente o quanto a tecnologia vem ajudando. Isso porque o equipamento é um aliado para pessoas que tenham um estilo de vida mais ativo. “No dia a dia, sinto mais confiança na dobra do joelho e para descer rampas. Até para dançar eu me senti mais confiante na hora de fazer movimentos que eu não conseguia fazer antes, sem a insegurança de tomar uma queda”, explica o velocista.
Essa confiança que o paratleta possui ocorre porque o joelho possui uma função que detecta movimentos incomuns e ativa a resistência para evitar que os usuários caiam. Assim, as pessoas podem recuperar equilíbrio e manter a estabilidade. Além disso, o equipamento foi desenvolvido para corresponder à necessidade de percorrer diferentes inclinações. A tecnologia se adapta a várias situações cotidianas, como descer escadas e percorrer terrenos irregulares.
A prótese também torna os movimentos das pessoas que a utilizam mais precisos, conforme relata o paratleta em suas experiências com o equipamento. “O controle que tenho na utilização desse joelho é bastante prático. O encaixe no corpo com a prótese vem melhorando a cada ano. Isso facilita totalmente a utilização”, comenta. Outra característica descrita por Rodrigues é a durabilidade da bateria, o que permite utilização por mais tempo em sua rotina.
O joelho é leve, com cerca de um quilo, e é indicado para pessoas com massa corporal de até 136 quilos. As especificações técnicas do equipamento estão disponíveis no site da Ottobock.