“Não houve constrangimento”.Estou com esta frase entalada desde ontem, quando li o noticiário sobre a soltura do homem que estuprou uma mulher dentro de um ônibus na Avenida Paulista, em São Paulo. O mesmo homem que tem contra si outras 17 denúncias pelo mesmo comportamento. 
Pensei “N” vezes antes de escrever este post, mas entendo que sim, realmente não devemos mais nos calar. Chegou ao absurdo de ser questão de sobrevivência.Há alguns anos ejacularam no meu traseiro em um ônibus lotado em Belo Horizonte, e eu descobri da pior forma possível (se é que podemos falar em melhor ou pior nesta situação): passei a mão quando senti que tinha algo estranho.
Estava na cidade a passeio, bem longe de casa, indo para um compromisso, e por esta razão tive que sair dali com as mãos sujas, a calça manchada, um sentimento de revolta que cala fundo, e assim tive de permanecer por um bom tempo até conseguir chegar ao local onde poderia tomar um banho, me trocar e jogar aquela calça no lixo.
Então, senhores magistrados, pelo bem da sociedade, incluindo suas mães, mulheres e filhas, atualizem suas definições de “constrangimento”, “violência” e “grave ameaça”, já que infelizmente o nosso Código Penal dá margem a interpretações pessoais.
E não me venham dizer que a minha revolta e a de tantas outras mulheres (e homens também, sejamos justas) é “mimimi” ou “feminismo”. Isso não tem a ver com gênero, ideologia, posicionamento político ou luta de classes. Tem a ver com respeito, dignidade e civilidade.