Mulher de Cid em conversa com filha de general. Bolsonaro sabia?

Do Conjur- Em mensagem a Ticiana Villas Bôas, filha do ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas, Gabriela Cid, mulher do tenente-coronel e ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid, disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu para que golpistas orientassem caminhoneiros a invadir Brasília em protesto contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial de 2022.

Mulher de Cid. Bolsonaro pediu a caminhoneiros invadir Brasília

A conversa consta do relatório da Polícia Federal com a análise do conteúdo encontrado nos celulares de Cid e de Gabriela, que teve o sigilo levantado nesta sexta-feira (16/6) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. O tenente-coronel foi preso preventivamente em maio, no âmbito do chamado Inquérito das Milícias Digitais.

Em 2 de novembro de 2022, três dias após o segundo turno, em que Lula venceu Bolsonaro, Gabriela disse a Ticiana que era preciso “exigir novas eleições c voto impresso” — os diálogos são reproduzidos nesta reportagem em sua grafia original. “Estamos diante de um momento tenso onde temos q pressionar o congresso. Agora!!!!!!!!.”

“Ou isso, ou a queda do moraes”, respondeu Ticiana. “Esse homem tem q cair. Ele q está estragando o país. O resto é tudo remediável”, concordou Gabriela. A filha do ex-comandante do Exército afirmou que, tirando Alexandre, “o stf dá uma recuada”. Porque o que a corte iria fazer, segundo ela, seria prender Bolsonaro com base no Inquérito das Fake News.

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Posteriormente, Ticiana opinou que o Exército “tinha que mandar alguém falar com os cabeças dos caminhoneiros e dizer quais tem que ser a reivindicação deles”. “Sim. Estão falando em intervenção federal. Mas tem q ser impeachment, novas eleições com voto impresso”, sugeriu Gabriela. Pessimista, Ticiana disse que “isso não vai acontecer” porque “ate segunda ordem a coisa foi democrática”. “As consequencias de um 142 são muito ruins”, destacou, referindo-se ao artigo da Constituição Federal que estabelece as funções das Forças Armadas, mas que é erroneamente interpretado por golpistas como autorizador de uma intervenção militar.

Gabriela, então, afirmou que os manifestantes bolsonaristas tinham de permanecer nas ruas “até algo ser resolvido”. Ticiana sugeriu que “os caminhoneiros tem que parar, sem obstruir”. As duas concordaram que “o pedido está errado”. A filha do general falou que alguém precisava articular isso com os golpistas. E sugeriu que “tem que vir dos caminhoneiros”.

“Não vai ser dessa forma. Como vc falou, a orientação tem q ser outra. Os caminhoneiros tem q ser orientados”, avaliou Gabriela. “Alguém tinha que falar com eles”, respondeu Ticiana”. “Sim! Foi o que pediu o presidente [Bolsonaro]. E acho que todos que podem tem q vir pra Bsb. Invadir Brasília como no 7 de set e dessa vez o presidente c essa força agirá”, afirmou a mulher do tenente-coronel.

Dito e feito: em 8 de janeiro, centenas de bolsonaristas depredaram as sedes dos três poderes, em Brasília, pedindo a anulação da eleição vencida por Lula e uma intervenção militar.

 

Análise: Lula estreia live pra ampliar a comunicação nas redes sociais

Na última terça-feira (13), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva resgatou o programa “Conversa com o presidente” e estreou por meio de live nas redes sociais, para tratar de medidas do governo federal. A estratégia visa ampliar o apoio na internet e, segundo o Palácio da Alvorada, o evento ocorrerá sempre às terças-feiras, mas sem ainda uma definição da periodicidade.

Nessa primeira conversa, o cenário e o formato da entrevista deram uma dinâmica que possibilitou logo de início uma comunicação mais direta do presidente Lula com o público. Isso está no cerne da cultura da convergência, pois cada vez menos as instituições e com as empresas mais, dependentes do poder da grande mídia para fazer circular conteúdos que são de interesse geral da população.

Outro ponto, é uma diferença basilar entre as lives produzidas pelo antigo presidente Bolsonaro e os caminhos que Lula quer dar à informação do governo. Começa pelo formato, a condução do jornalista Marcos Uchôa, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), em forma de entrevista, que propicia uma live que flui e com um profissional de credibilidade à frente do processo. E o público almejado é distinto, passando por um processo de intermediação junto às mídias digitais e redes sociais, com narrativa mais pessoal.

A dúvida está em como serão os próximos “Conversa com o presidente”. No formato de agora ou se o presidente optar por um outro modelo e não utilizar o espaço para esclarecer, prover informações e apresentar os caminhos do governo? São pontos que ainda não são claros. Acredito ser muito positivo o que foi apresentado nesse primeiro momento em termos de comunicação. Um caminho em pavimentação, com um potencial enorme desse modelo para a comunicação. É muito mais uma proposta de um diálogo forte e esclarecedor para com o cidadão brasileiro. O que não dá é inferir no erro, atacar e começar a pulverizar um discurso de ódio.

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