O Paraná registrou um crescimento do emprego no ramo de serviços de Tecnologia da Informação (TI) oito vezes maior que o do total da economia, nos últimos doze meses. Entre maio de 2018 e abril de 2019, essa alta foi de 9,3%, enquanto que no total da economia do Estado o percentual de criação de vagas de trabalho manteve-se em 1,2%, de acordo com os indicadores do boletim de Evolução Mensal do Emprego em Tecnologia da Informação.
Já os indicadores do boletim Insights Report: Panorama do Setor de Tecnologia da Informação e Comunicação de Junho de 2019 revelaram que, no período 2007-2018, o emprego no ramo de serviços de TI no Paraná cresceu a um ritmo quase duas vezes maior (150%) do que a média nacional (80%). Em 2007 havia cerca de 10 mil vagas de trabalho, atingindo em 2018, 25 mil.
Ambas os análises foram produzidas pela Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação do Paraná (Assespro-PR), em parceria com o Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e tiveram como base o RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) do Ministério da Economia.
Salários X Formação: Paraná está em 11° no ranking nacional
No Insights Report: Panorama do Setor de Tecnologia da Informação e Comunicação publicado em Junho/19, o Estado do Paraná ficou em 11° no ranking de maiores salários no setor de TI, no Brasil, em 2016 e 2017.
Em 2016, a média de salários pagos nesse setor no Estado era de R$3.872,00 reais. Em 2017, houve um aumento real de 4%, chegando a R$4.025,00, mas ainda abaixo da média nacional.
São Paulo foi o estado que pagou os maiores salários nesse período: em 2016, a média era de R$5.900,00, e em 2017 houve um aumento de 6%, chegando a uma média de R$6.200,00. Em 2° lugar ficou o Distrito Federal que, apesar de ter tido uma retração de -10% entre um ano e outro, apresentou uma média de R$5.200,00 em 2017. O Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro ficaram em 3° e 4° lugar respectivamente, com salários em torno dos R$5.150,00. O RS apresentou 5% de crescimento nos salários entre 2016 e 2017, enquanto que o RJ mostrou uma queda de -8%.
Victor Pelaez, doutor em Ciências Econômicas e professor do Departamento de Economia da UFPR, é um dos responsáveis pelo Insights Report e acredita que a menor remuneração no Paraná pode ter a ver com tipo de formação dos profissionais:
???O Paraná é o 2° estado que mais forma pessoal de TI depois de São Paulo. Porém, 70% dos concluintes possuem o grau de Tecnólogo, acima da média nacional que é de em torno de 40%. Isto poderia explicar, em parte, o salário mais reduzido em relação ao pessoal com grau de bacharelado???.
O professor também ressalta os dados divulgados no último Insight em relação à quantidade de empregados nas empresas de TI: 80% delas, tanto no Brasil quanto no Paraná, se caracterizam por ter zero empregado, ou seja, o perfil desse profissional é de um autônomo, terceirizado. Para Pelaez, o pessoal que se forma nessa área também deveria se qualificar na perspectiva de alguém que vai gerir o seu próprio negócio.
Ainda segundo Pelaez, apesar da queda no emprego, entre 2015 a 2017, tanto em âmbito estadual quanto nacional, a recuperação verificada em 2018 indica uma rápida superação da crise econômica do período, para este ramo de atividade. ???Apesar de instabilidade, que afetou toda a economia nacional, e de disparidade nos salários, a área de TI continua sendo uma área de fronteira do conhecimento, que é extremamente importante e estratégica???, conclui Victor Pelaez.
Atividades que mais cresceram no setor de TI no Paraná
O estudo realizado pela Assespro-PR e UFPR também revelou quais atividades cresceram mais no Paraná em vínculos empregatícios formais.
O segmento de Portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação da internet apresentou a maior taxa de crescimento: 34%. Em seguida, veio Suporte Técnico, Manutenção e Outros Serviços em Tecnologia da Informação (7%) e Desenvolvimento e Licenciamento de Programas de Computador Não-Customizáveis (6%). Enquanto que as seguintes atividades obtiveram queda: Consultoria em Tecnologia da Informação (-26%); Tratamento de Dados, Provedores de Serviços de Aplicação e Serviços de Hospedagem na Internet (-14%); Desenvolvimento de Programas de Computador Sob Encomenda (-5%); e Desenvolvimento e Licenciamento de Programas de Computador Customizáveis (-2%).
Consultoria em Tecnologia da Informação, apesar de ter sido a atividade que empregou menos, foi a que apresentou os melhores salários (R$4.987,00 em 2017) e também a maior taxa de crescimento salarial: 19%.