Os efeitos da pandemia de Covid-19 transformaram o comportamento dos brasileiros em relação às formas de pagamento. Com um crescimento disruptivo desde seu surgimento, em 2020, o Pix é o grande exemplo do quanto os hábitos dos consumidores têm mudado no que diz respeito às transações financeiras.

O sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central caiu no gosto do povo. É o que revela uma pesquisa realizada no ano passado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com o Sebrae.

Segundo os dados, o Pix já é tão utilizado quanto o dinheiro em espécie e fica à frente dos cartões de crédito e débito. O levantamento mostra que as modalidades de pagamentos mais utilizadas pelos consumidores no Brasil são: dinheiro (71%), Pix (70%), cartão de débito (66%) e cartão de crédito (57%).

Rapidez, praticidade e a diminuição do contato físico são os principais motivos citados pelos participantes do estudo para a preferência pelo sistema de pagamentos instantâneos. Um outro fator importante é a aderência desse meio de pagamento no comércio eletrônico.

Números divulgados pela Neotrust, empresa de inteçigência que monitora o e-commerce no Brasil, apontam que o Pix atingiu, em abril de 2022, um recorde de pagamentos em compras feitas pela internet. De acordo com os dados, o número de transações via esse sistema alcançou a marca de 11,5% no comércio eletrônico. Para efeitos de comparação, a participação do sistema no mesmo mês do ano passado representava apenas 2,6% dos pedidos no e-commerce.

Isolamento social, praticidade e globalização do consumo potencializam o pagamento online

Ainda de acordo com a pesquisa da CNDL, 67% dos entrevistados disseram que mudaram as formas de pagamento em virtude da pandemia. O estudo indica que 45% das pessoas passaram a fazer mais pagamentos online, 23% aumentaram o uso do cartão de crédito, 21% elevaram a utilização do cartão de débito e 5% relataram que passaram a usar mais dinheiro em espécie.

Para Janaina Assis, CEO da B2Gether, empresa especializada em operações de câmbio e pagamentos em massa, o aumento das transações digitais, como o Pix, na rotina das pessoas físicas se tornou uma realidade e ocorre em linha com o crescimento das empresas que atuam como facilitadoras de pagamentos na América Latina.

“As facilitadoras de pagamentos internacionais têm crescido em um ritmo bastante acelerado no Brasil e em outros países da região, permitindo que lojas online ou outros negócios locais e globais ofereçam aos clientes formas alternativas de pagamentos, a exemplo do Pix”, afirma a especialista, que tem mais de 15 anos de experiência no ramo.

Janaina salienta que esse movimento já vinha acontecendo, mas se fortaleceu depois do surto sanitário, que culminou em uma grande alta no uso do e-commerce e na possibilidade de adquirir produtos de lojas online e marketplaces de outros países.

“É inegável que a quarentena nos forçou a encontrar meios alternativos para consumir e, ao mesmo tempo, nos proteger do perigo do coronavírus. Ou seja, nos adaptamos às novas tecnologias que, de fato, trazem muita praticidade. Os comerciantes nacionais e internacionais, por sua vez, também precisaram se adaptar e buscar diferentes formas de recolher dinheiro”, observa.

A especialista entende que o entretenimento, sobretudo as plataformas de streaming, e os jogos online também seguiram essa tendência e apresentaram alta nesse período.

“Todos esses fatores contribuíram para o aumento dos pagamentos online e, certamente, a tendência é que a digitalização das transações financeiras, tanto no âmbito nacional quanto internacional, cresça ainda mais daqui para frente”, pontua.