As consequências da pandemia da Covid-19 na saúde da população não se limitam à doença em si, que pode perdurar por anos. As necessárias medidas de isolamento social afetaram praticamente toda a rede de saúde. E, provavelmente, vão ser sentidas por alguns anos. Um estudo recém publicado na Revista de Saúde Pública, escrito em parceria com o Dr. Guilherme Novita, médico do Grupo Oncoclínicas, mostra que, pelo menos em casos de câncer de mama, as consequências já começam a ser mensuradas. E as notícias não são boas: muitas mulheres adiaram exames preventivos, como a mamografia, procedimento fundamental para diagnosticar casos em estágios iniciais, aumentando as chances de cura e melhorando a qualidade de vida das pacientes.
Segundo a pesquisa, no Brasil, entre as mulheres de 50 a 69 anos, o comparecimento à mamografia em 2021 diminuiu 42% em saúde pública (SUS), comparando 2019 e 2020. Um total de 1.675.307 mamografias foram realizadas em 2021, quase 15% abaixo dos níveis pré-pandemia. Cerca de um terço, 29,5% deles, teve intervalos superiores a três anos. Em outro estudo, divulgado em 2021, o número de pacientes com nódulos palpáveis no exame físico, o que significa casos mais avançados, aumentou de 7,06% em 2019 para 7,94% em 2020.
Campanhas como o Outubro Rosa, que acontece durante todo o mês, tem como objetivo alertar para a importância deste tipo de exame. Embora o comparecimento para as mamografias, em 2022, tenha visto uma “certa retomada”, como afirma a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o número ainda é muito inferior ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS): apenas 25% das mulheres acima de 40 anos realiza o procedimento a cada dois anos: o ideal é 70% de cobertura.
“A pandemia de Covid-19 pode representar uma oportunidade para rever e adaptar o rastreamento do câncer em países com recursos limitados, como o Brasil. A desconfiança sempre foi de que esse atraso nos exames preventivos fosse ter impacto nos diagnósticos e, embora isso não possa ser comprovado ainda, já vemos algumas evidências que isso pode ocorrer. O público alvo da mamografia também era o grupo de risco para Covid-19, atendimento a pacientes sintomáticos se quisermos cuidar também dos pacientes assintomáticos”, afirma Guilherme Novita, mastologista do Grupo Oncoclínicas e um dos co-autores da pesquisa.
Atrasos continuam, segundo pesquisa
De acordo com outro levantamento, feito de janeiro a julho de 2022, foram realizadas 1.108.249 mamografias no Brasil, na faixa etária de 50 a 69 anos, no sistema público. A proporção de pacientes com exames atrasados permanece alta: cerca de 40% das mulheres realizaram sua última mamografia há mais de três anos.
O estudo teve como base o número de mamografias realizadas pelos serviços públicos de saúde em todo o Brasil, disponibilizadas pelo DATASUS, entre janeiro de 2019 e julho de 2022, em mulheres com idade entre 50 e 69 anos. Segundo o médico, o levantamento reforça o sinal de alerta sobre o impacto da pandemia. “O exame é primordial e, infelizmente, o acesso ainda é um gargalo no Brasil, tendo diversos obstáculos de acordo com a região do país”, afirma o médico. Há locais com mamógrafos inoperantes em alguns estados, segundo dados do próprio governo, em outros não têm quem os opere, além da distância entre pacientes e onde eles se encontram ser um fator complexo, entre demais dificuldades.
“As pacientes que interromperam o tratamento na pandemia precisam urgentemente voltar a realizar seus exames e acompanhamento médico. Estamos falando de uma doença que, se não tratada, pode avançar, comprometendo a sobrevida da paciente e diminuindo as chances de cura”, finaliza Guilherme Novita.
Sobre a Oncoclínicas
Fundada em 2010, a Oncoclínicas (ONCO3) é o maior provedor de tratamento oncológico do Brasil e da América Latina. O grupo conta com 129 unidades, entre clínicas de especialidades, diagnóstico e prevenção do câncer, centros ambulatoriais de tratamento infusional e radioterapia, laboratórios de genômica, anatomia patológica e centros de alta complexidade (cancer centers), estrategicamente localizados em 35 cidades brasileiras. Desde sua fundação, a Oncoclínicas tem passado por um rápido processo de expansão, com o propósito de elevar e democratizar o acesso ao melhor tratamento oncológico.
O corpo clínico da Companhia é composto por mais de 2.700 médicos especialistas com ênfase em oncologia, além das equipes multidisciplinares de apoio, que são responsáveis pela linha de cuidado integral no combate ao câncer. A Oncoclínicas tem parceria exclusiva no Brasil como o Dana-Farber Cancer Institute, um dos mais renomados centros de pesquisa e tratamento do câncer no mundo, afiliado à Harvard Medical School, em Boston, EUA.
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