(Reuters) – Ex-ministro de governos petistas, Antonio Palocci decidiu nesta sexta-feira trocar a banca de advocacia liderada pelo criminalista José Roberto Batochio por quatro advogados de um escritório de Curitiba especializado em fechar acordos de delação premiada, embora fontes que acompanham o caso consideram que um acerto para se fechar a colaboração ainda deva demorar.
No final da tarde, Batochio e outros três defensores apresentaram à Justiça Federal do Paraná um pedido de renúncia da atuação em dois processos a que Palocci responde no curso da operação Lava Jato. O ex-ministro está preso desde setembro do ano passado.
???O escritório José Roberto Batochio Advogados Associados deixa hoje o patrocínio da defesa de Antonio Palocci em dois processos que contra este são promovidos perante o juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba, em razão de o ex-ministro haver iniciado tratativas para celebração do pacto de delação premiada com a força-tarefa Lava Jato, espécie de estratégia de defesa que os advogados da referida banca não aceitam em nenhuma das causas sob seus cuidados profissionais???, afirma nota divulgada na noite desta sexta-feira pelo escritório de Batochio.
Batochio acompanhava casos criminais ligados a Palocci havia mais de uma década, mas também defende o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro Guido Mantega em ações da Lava Jato.
Palocci acabou por fazer uma triangulação de advogados. Primeiro, houve a renúncia do escritório de Batochio e, ato contínuo, o repasse de poderes por Palocci para manter dois advogados de um escritório de advocacia do Paraná que já o acompanhava. No terceiro momento, essa nova banca deu poderes para outro escritório paranaense especializado em delação atuar no caso.
Esse último escritório é comandado pelo advogado Adriano Bretas, que já fechou acordos de delação premiada com integrantes da força-tarefa da Lava Jato. A Reuters tentou contato com Batochio e Bretas para que comentassem as mudanças, mas ambos não responderam.
Até o momento, conforme a Reuters apurou, ainda não houve qualquer contato formal da nova equipe de advogados com a força-tarefa. Eles terão de apresentar uma proposta com o que Palocci pretende revelar aos investigadores e aí a força-tarefa avaliará se vale a pena fechar uma espécie de pré-delação.
Os depoimentos são tomados e seguem para a Justiça para serem homologados. Se houver autoridades com foro privilegiado, como parlamentares ou ministros, o aval precisa ser dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A declaração feita por Palocci no mês passado ao juiz Sérgio Moro, de que estaria disposto a falar sobre fatos com nomes e endereços de interesse da Lava Jato, acendeu o temor entre os petistas de que uma eventual delação dele possa atrapalhar os planos do partido de tentar se reerguer após o abalo dos escândalos de corrupção e do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, conforme reportagem da Reuters de três semanas atrás.
O receio de petistas, ouvidos sob a condição do anonimato para não se exporem, é que Palocci possa implicar ainda mais integrantes da legenda. Um dos receios recai sobre Lula, considerado a única aposta petista para o partido voltar ao comando do país em 2018.