Tóquio abriu hoje as Olimpíadas pela segunda vez em sua história. Diferentemente de 1964, quando o Japão sediou as competições com crescimento acelerado na economia, agora o país  enfrenta um cenário de estagnação há três décadas. Os Jogos, cuja organização consumiu investimentos de 11 bilhões de euros, eram a esperança para um impulso para a economia japonesa. “Havia uma alta expectativa de que a economia fosse crescer com o aumento do turismo e com uma renovação na imagem do país. Com o adiamento das Olímpiadas no ano passado e o avanço da covid-19, essas expectativas foram frustradas. Os altos investimentos ficarão sem retorno no curto prazo. A esperança é que as melhorias implementadas beneficiem o turismo após o fim da pandemia”, diz Alexandre Uehara, coordenador do Núcleo de Estudos e Negócios Asiáticos da ESPM.

Para Uehara, essa frustração com o adiamento das Olimpíadas se tornou ainda mais negativa com a condução da política de saúde pública pelo governo local. “O governo japonês não se comunicou bem com a população durante a pandemia. O Japão é o país com maior proporção de idosos no mundo: são 30% da população. Essa parcela vulnerável não foi tratada como prioridade no discurso, que destacava mais a importância das Olimpíadas do que a contenção da pandemia para os grupos mais frágeis. A vacinação teve um cronograma mais lento do que o esperado e isso não foi bem visto”, diz.

Com esse cenário, cresceu a oposição de parte importante dos japoneses aos Jogos, o que provocou a redução de exposição de patrocinadores locais como a Toyota e a Panasonic. “Agora, a torcida dos organizadores é que não haja um surto de covid durante as Olimpíadas. Isso traria prejuízos ainda maiores para a organização e para o governo japonês”, afirma.