A promessa do Peeling de Fenol é remover as células mortas e rejuvenescer a pele, tornando-a mais fina, lisa, uniforme e sem flacidez, através do crescimento de novas células. Um procedimento bastante agressivo que requer muitos cuidados e acompanhamento, pois o ácido fenol é uma substância tóxica que atinge camadas dérmicas muito profundas e podendo atingir e prejudicar o funcionamento de sistemas vitais, como: parte cardíaca, hepática e nefrológica. A face fica em estado de carne viva resultante da vermelhidão, descamação intensa, inchaço e sensação de queimação, com uma recuperação longa e desconfortável. Mas o que leva as pessoas a se arriscarem tanto e passarem por estes sofrimentos, em prol da beleza e estética perfeita?
O fato estarrecedor e que chama muita atenção, é que o paciente que se submete a este procedimento, nos primeiros dias da aplicação, fica irreconhecível, com a face com aspectos semelhantes a queimaduras de 3º grau. Além das dores e dos riscos envolvidos que nos fazem questionar quais são os impactos e motivações psicológicas que provocam o desejo em se expor a um processo tão doloroso e arriscado para a saúde?
Sem dúvida, a resposta está na maximização do belo e perfeito, propagada pelas mídias e que ganha apoio em potencial, popularizando-se com a utilização exagerada de diversos métodos ou receitas que evidenciam uma necessidade em apresentar uma aparência, distante da realidade, marcada por medidas corporais e simétricas perfeitas para impressionar e se sentir bem. De uma certa forma, percebemos a perseguição desenfreada, por uma imagem que renegue sua aparência, dentro de uma falsa realidade, promovida por um engano estabelecido, sem qualquer cuidado com a saúde do corpo ou da mente.
Mas onde foi parar o senso crítico, o aceite do biotipo, o amor próprio e a auto estima do ser humano que arrisca tudo para ficar dentro dos padrões de estética e beleza aceitáveis? Não tenham dúvidas quanto a afetação do bem-estar e do psicológico do indivíduo que vive a partir de uma realidade corporal distorcida, alimentando através da insatisfação com sua aparência, uma tendência de baixa autoestima e, possível depressão, desconstruindo o real. Atendendo aos apelos de uma sociedade que cultua o belo e promove uma extrema exposição do ser humano. Potencializando o desejo e a vontade em pertencer ao grupo dos belos e perfeitos, classificados por rótulos, em contraponto a busca de expressão de sua própria individualidade que, na maior parte das vezes, justifica-se por um sentimento de insuficiência e competição.
Enfim, podemos afirmar, portanto que, existe aí uma real necessidade de afirmação da imagem que queremos que o outro tenha de nós. E, lógico, na contra mão, o corajoso é aquele que se expõe de cara lavada, assumindo suas rugas ou marcas de expressão, sem qualquer abuso de efeitos ou substâncias que coloquem em risco sua vida.
Enfim, indague-se: “Porque não me aceito como sou?” Aprenda a respeitar seus limites e colocar sempre sua saúde e segurança em primeiro lugar. Fuja da imposição neurótica de uma vida de aparências, pois o ser humano não morre quando o coração para de bater, ele morre quando deixa de se sentir e se perceber de verdade. Busque uma terapia e faça exercícios físicos, além de buscar ser menos exigente consigo mesmo. Seu corpo e sua mente agradecem.
Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista