Indiscutivelmente, a pandemia contribuiu para que muitas pessoas aumentassem suas horas em frente a TVs, computadores e smartphones. Além do trabalho, os dispositivos contribuíram também para o lazer. Porém, alternativas que foram a salvação do distanciamento social acabaram, para muitos, gerando estresse e ansiedade. Dar um tempo das telas e das redes sociais pode ser um alívio para a saúde física e mental. O chamado “detox digital” tem se tornado popular e vem ganhando mais adeptos.

 

Segundo pesquisa realizada pela agência We Are Social e pela plataforma Hootsuite, o Brasil é o segundo país em posição global que mais gasta tempo na Internet. São cerca de 10 horas e 8 minutos diários conectados. A média global é de 6 horas e 54 minutos por dia. Nesse estudo feito com pessoas entre 16 e 54 anos, ficamos atrás apenas das Filipinas.

 

Para a psicóloga e professora do curso de Psicanálise da Uninter, Juliana Santos, existe um excesso no uso da tecnologia. “A internet tem o potencial de levar as pessoas a uma dependência, visto que podemos carregar o mundo na palma da mão. Em nossos smartphones temos informações em tempo real de tudo o que acontece, desse modo, as tecnologias surgem, por um lado, como uma fonte de descarga de tensão e, por outro, elas produzem novas tensões, formando um ciclo vicioso”, diz a professora.

 

Preocupada com o excesso de conteúdos que vinha absorvendo e produzindo, a professora de Marketing Digital da Uninter, Maria Carolina Avis, criou o hábito de isolar o celular e o computador uma vez por semana, o que acontece geralmente aos domingos. Já no dia a dia, não dorme mais com o celular por perto, distancia-se do aparelho durante as refeições e em momentos de atividade física. “No início foi bem difícil e eu precisava me policiar constantemente. Mas, com o tempo, ficar longe do celular já se tornou um costume”, afirma.

 

Como criadora de conteúdo digital, Maria adotou o estilo slow content, em que a qualidade se sobrepõe a quantidade. “Como professora de tecnologia e marketing digital, acabo criando muita coisa para meus alunos nas redes sociais, porém, ao invés de criar publicações diárias, hoje penso em um conteúdo mais planejado, com propósito e sem pressão”, explica a profissional.

 

Ansiedade e redes sociais

 

“Pelas telas dos computadores e celulares, as pessoas podem ser o que elas quiserem, até mesmo o que nunca foram.” Essa afirmação da professora Juliana revela como a vida perfeita é ofertada nas redes sociais. Ao se deparar com imagens de corpos bonitos, viagens, profissões bem-sucedidas, casas, carros, roupas e uma infinidade de ostentação, muitos indivíduos acabam se deparando com a ansiedade e o sentimento de emergência em ter a mesma vida.

 

“Com esse recorte da realidade, muitos internautas se confrontam com suas próprias rotinas, produzindo sentimentos de baixa autoestima, incapacidade e vários outros transtornos. Assim, se a pessoa não consegue ficar por muito tempo sem olhar as atualizações dos feeds, se muda de humor quando não pode ter acesso às redes, se troca a noite de sono para ficar navegando, tendo uma perda de rendimento de energia nos outros afazeres, é preciso ter atenção, pois isso já pode estar fora do controle”, esclarece a psicóloga.

 

6 dicas para controlar o uso excessivo das tecnologias

 

Algumas atitudes simples podem ter impactos positivos na saúde física e mental. Veja o que fazer:

 

– Evite o uso dos celulares em momentos com a família, como refeições e passeios ao ar livre.

 

– Para ter uma noite de sono mais tranquila e saudável, pare de usar telas pelo menos uma hora antes de dormir.

 

– Crie uma rotina para sua vida pessoal e profissional, e estabeleça momentos de descanso diário das notificações do computador e celular.

 

– Aos fins de semana, tente se desligar da tecnologia e aproveite para fazer atividades ao ar livre.

 

– Tenha a consciência de que aquilo que você vê nas redes sociais é apenas um recorte da vida real.

 

– Desative as notificações dos aplicativos menos importantes.