Alexandre Maier é um dos fundadores do Aposta Certa, grupo criado em 2016 com o intuito de informar sobre bingos e vídeo-bingos nas redes sociais
Um dos debates mais importantes na sociedade brasileira contemporânea versa sobre a liberação dos jogos de azar no país. Proibidos desde 1946, após decreto do presidente da República Eurico Gaspar Dutra, a prática não é permitida de maneira legal, ainda que ela aconteça na clandestinidade em muitas localidades do Brasil.
Por isso, há um movimento por parte de representantes da sociedade civil e também da classe política para que cassinos físicos possam atuar livremente no país, assim como plataformas e sites na internet, que já oferecem jogos como bingo online, pôquer, black jack, entre outras modalidades. A intenção é legalizar um setor que movimenta, em média, R$ 4 bilhões de reais por ano, segundo o Ministério da Economia.
Um dos principais problemas no modo como o Brasil lida com os jogos de azar online, por exemplo, é que o país não consegue tributar transações financeiras ou taxar a atuação de empresas estrangeiras que atuam em solo verde e amarelo. Isso significa que todo o dinheiro movimentado entre os consumidores brasileiros e as empresas internacionais não fica, nem ao menos uma parte, nos cofres público, o que é um erro do ponto de vista estratégico e institucional.
Há projetos de Lei que avançam lentamente no Congresso Nacional, para que uma lei mais robusta seja criada e possa dar segurança jurídica para que mais empresas venham ao Brasil explorar esse mercado. Ao mesmo tempo, o Ministério da Economia e o BNDES também trabalham com pesquisas e estudos que prometem acelerar o processo de legalização do setor.
Enquanto isso, empresários da sociedade civil buscam melhorar a visibilidade dos jogos de azar e, com isso, ganhar bons rendimentos em cima da modalidade. Um desses empresários é Alexandre Maier, que em 2016 criou o Aposta Certa, plataforma online que ajuda o público a tirar dúvidas sobre a prática. Alexandre está no setor desde 1999 e diz ter passado por diversas funções em empresas do ramo.
Em entrevista ao site GameBras, o empresário explicou os motivos que o fazem apoiar a liberação dos bingos no país. Para ele, a principal questão é a arrecadação proveitosa que o Estado poderá ter se a prática de fato for legalizada. “Acredito que é primordial e urgente legalizar amplamente os jogos no país, pois é um fato a sua existência e isso por si só justifica a criação de uma regulamentação e legislação atualizada, justa e segura a ser praticada no país por todas as empresas desse segmento, sendo fiscalizadas por algum órgão competente”, disse o empresário.
“Muitas vantagens ao estado, com uma arrecadação justa de impostos para com as empresas de jogos, o país terá um aumento em sua arrecadação. Outra vantagem é a identificação de apostadores que enfrentam problemas psicológicos e sociais com o vício do jogo, (ludopatas) sendo assim, com essa identificação o estado poderá tomar medidas preventivas, restritivas, informativas e tratamento adequado aos apostadores compulsivos”, afirmou Alexandre.
Para ele, haverá também um impacto no turismo. “Também teremos um grande aumento de turistas vindo para o Brasil com cassinos abertos, sem dúvida, mas precisamos qualificar os trabalhadores de bingo e vídeo-bingo para outras modalidades de jogos que existem em cassinos e são desconhecidas para nós, reivindicar e proteger o direito ao trabalho em cassinos, evitar que essas vagas de trabalho sejam preenchidas por mão de obra estrangeira que já está qualificada para essas novidades ao mercado de jogos no Brasil”, assinala o empresário.
Alexandre também salienta que o fato de muitas pessoas trabalharem na clandestinidade faz com que a prática seja vista de forma pejorativa pela imensa maioria da população, algo que ele considera maléfico, sobretudo em uma indústria que não para de crescer, no Brasil e no exterior.
“Tem processos na justiça por contravenção e, ocasionalmente, pela maioria trabalhar na clandestinidade, ocorre discriminação pela sociedade quando têm que falar sobre a sua profissão, que aos nossos olhos é tão normal quanto qualquer outra, pois trabalham com entretenimento, nada mais do que isso. E pela própria informalidade do setor, o trabalho é sem nenhum amparo trabalhista, sem direitos como qualquer outra profissão, pouquíssimas casas de jogos no Brasil conseguem formalizar a contratação legal de seus funcionários”, finaliza Alexandre Mayer.