Difícil encontrar alguém que não fez alguma compra online durante o período de distanciamento social que entra agora no quarto mês. De acordo com uma pesquisa realizada pela ACI Worldwide, empresas e-commerce de todo o mundo registraram um aumento de 89% no número de pedidos realizados por meio da internet no mês de maio, em comparação com o mesmo período em 2019.

A grande questão é que, passada a explosão da compra, vem a expectativa da entrega. E tem muita gente desapontada nessa questão. Dados do Consumidor.gov mostram que, em junho de 2020, foram registradas 13.295 reclamações referentes à compra e venda de produtos online, enquanto no mesmo período de 2019 foram 3.716 queixas — um aumento de 257%. Somente no Paraná, o acréscimo foi 343%, com 265 reclamações em junho de 2019 e 1.174 registradas em junho de 2020.

O aumento nas reclamações revela que muitas empresas e-commerce não estão preparadas para atender à grande demanda e foram pegas de surpresa com o alto número de pedidos provocados pelo isolamento social. Para o especialista em varejo e professor da Universidade Positivo, Leandro Krug, a pandemia fez com que as empresas precisassem se reinventar. “As marcas que estavam com preguiça de desenvolver uma estratégia integrada, agora estão vendo a importância desse planejamento e buscando alternativas. A logística, por exemplo, é parte fundamental dessa evolução, juntamente com  a integração em plataformas”, explica.

As principais reclamações registradas no Consumidor.gov no setor de comércio eletrônico são referentes à entrega dos itens comprados online. Produtos não recebidos, atrasados, incompletos ou com defeitos motivaram um aumento de 340% nas reclamações no Brasil no mês de junho, em comparação com o mesmo período em 2019. No Paraná, o acréscimo chegou a 355%.

Uma das estratégias adotadas pelas empresas de comércio online para otimizar a entrega e preservar a qualidade dos produtos é o investimento em self storage. Os boxes se tornaram uma opção rápida, fácil e prática para o armazenamento de estoque. Segundo a gerente de operações da Self Storage Espaço A+, Rousy Rojas, a procura por boxes por parte de e-commerces aumentou com a pandemia. “Nós já tínhamos clientes que alugavam nossos boxes como uma saída para armazenar estoque de mercadorias. Agora, com a pandemia, essa procura aumentou”, explica.

Além da segurança, organização e baixo custo, a localização é o grande diferencial para quem busca esse recurso. “Percebemos isso nas duas unidades que temos, uma em um bairro central de Curitiba e outra ao lado do Aeroporto Internacional Afonso Pena. O cliente procura a mais estratégica para o seu negócio, principalmente do ponto de vista da agilidade da entrega do produto, e foi isso que nos motivou a investir em uma nova unidade no centro da cidade”, destaca Rousy.

É o caso de Fernando Haruo Okuda, diretor da FH Log, empresa que atua no setor logístico. Ele conta que a localização estratégica foi um diferencial que buscou para as entregas na rota entre São Paulo e Santa Catarina. “Essa base em São José dos Pinhais permite que nossos caminhões desviem pouco da rota e possam coletar e descarregar materiais. Isso permitiu a abertura de mais uma região de atendimento. Além disso, o acesso é fácil e o local é muito seguro, o que faz toda a diferença no nosso setor”, ressalta o empresário.

Com o alto consumo de produtos online e ainda sem previsões para que o comércio presencial volte a funcionar normalmente, a chegada de novos consumidores e também de novas marcas à internet tende a ser uma crescente. O foco, então, deve ser na otimização dos serviços e qualidade dos produtos.