A proximidade do prazo para realização das convenções partidárias ajudou a clarear o cenário das possíveis candidaturas em Campinas. Os blocos de partidos enfim estão se formando e resta a incógnita se o atual líder nas poucas pesquisas feitas até agora, o ex-prefeito Dr. Hélio, sairá mesmo candidato pelo PDT. Ele ainda não se declarou abertamente pré-candidato. Pela lei eleitoral, alterada em função da pandemia, as convenções partidárias para a escolha de candidatos, que aconteceriam de 20 de julho a 5 de agosto, serão realizadas no período de 31 de agosto a 16 de setembro.
Nesta quinta-feira (26), mais uma reviravolta: o vereador Tenente Santini (PP), desistiu da candidatura a prefeito e declarou total apoio ao pré-candidato Artur Orsi, do PSD de Gilberto Kassab. Santini afirmou que também não vai disputar a reeleição para a Câmara de Campinas. Oficialmente, o motivo da decisão seria a pandemia: ele afirmou que precisa cuidar da sua empresa e dos funcionários. Extraoficialmente, porém, o motivo foi que o vereador perdeu o comando do PP. O advogado Márcio Chaib, nome ligado ao deputado estadual e pré-candidato a prefeito Rafa Zimbaldi, retomou a presidência do Partido Progressista de Campinas.
Já o deputado estadual Rafa Zimbaldi (PL) negocia uma frente com pelo menos cinco partidos: o Podemos, que chegou a ter como pré-candidato o empresário e ex-presidente da Apex durante o governo Lula-Dilma, Juan Quirós; o Solidariedade; o PSC; o Avante (que tenta emplacar a vice) e agora o próprio PP que estava nas mãos de Santini. Existe também uma negociação com o PSDB, uma vez que o deputado federal Carlos Sampaio teria preferência em fechar apoio ao deputado estadual.
Bem ao estilo mineiro, o prefeito Jonas Donizette (PSB) esperou até os últimos instantes para formar um bloco com cinco partidos e lançar uma chapa com dois ex-secretários: Dario Saadi (Republicamos), ex-secretário de Esportes e Lazer, para prefeito e o ex-secretário de Relações Institucionais, Wanderlei Almeida, o Wandão (PSB), homem forte nos dois mandatos do governo Jonas Donizette, como pré-candidato a vice-prefeito. Além dos dois partidos, o bloco deve contar com o MDB, que desistiu de candidatura própria; o DEM, que também havia lançado o ex-secretário de Habitação, Samuel Rossilho, como pré-candidato e depois desistiu; e também o PSL e talvez o PSDB, que também mantém conversas com o grupo que apoia a pré-candidatura do deputado estadual Rafa Zimbaldi.
Artur Orsi deve representar a frente de direita nessas eleições municipais, porém ainda tenta angariar o apoio de mais partidos. Conseguiu o importante apoio do vereador Tenente Santini e espera trazer a família Bolsonaro em seu grupo de apoiadores.
Nos partidos de esquerda, PT e PSOL vão para a disputa com o vereador Pedro Tourinho (PT) como pré-candidato a prefeito e a sindicalista Edilene Santana vice. O PCdoB terá candidatura própria, com a historiadora e urbanista Alessandra Ribeiro. Pelo PSTU, a pré-candidata a prefeita de Campinas será Laura Leal.
A incógnita fica por conta da definição do atual líder nas poucas pesquisas realizadas até o momento, Dr. Hélio de Oliveira Santos (PDT), duas vezes prefeito e que ainda faz mistério sobre sua entrada na disputa. Recentemente, Dr. Hélio conseguiu uma importante vitória no STF, com a decisão do ministro Celso de Mello em “trancar” o processo-crime envolvendo o Hospital Ouro Verde. Com isso, ficou sem efeito a condenação em segunda instância, que fatalmente o deixaria inelegível. Porém, existe a questão das contas de seu mandato que foram rejeitadas pela Câmara de Vereadores. Para isso, o ex-prefeito terá que obter uma liminar na Justiça, em uma ação de desconstituição do decreto de rejeição das contas. Mesmo assim, seu grupo segue confiante que, em sendo candidato, Dr. Hélio não terá dificuldades em obter essa liminar e seguir na disputa ao Palácio dos Jequitibás.
Os partidos têm até o dia 16 de setembro para oficializar as candidaturas majoritárias.
Por Wander Pessoa (@pessoa_wander)