O deputado estadual Chico Sardelli (PV), membro da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, participou hoje de manhã na Promotoria de Justiça de Americana de uma reunião sobre a despoluição da represa do Santo Grande, que forma as Praias Azul e dos Namorados. O encontro foi promovido pelo promotor do Gaema (Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente) de Piracicaba, Ivan Carneiro Castanheiro, com a presença também do promotor do Gaema de Campinas, Rodrigo Sanches, do procurador Federal de Campinas, Edilson Vitorelli, e do presidente do Instituto Internacional de Ecologia, José Galizia Tundisi. A reunião contou ainda com a participação de representantes da Sanasa, da Replan (Refinaria de Paulínia), da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), Cetesb (Companhia Estadual de Saneamento Ambiental), da DT Engenharia, vereadores e secretários municipais de Americana, organizações não-governamentais, entre outros. Sardelli destacou que o ideal seria que os municípios a montante da represa, como Campinas, Valinhos e Vinhedo, cumprissem sua parte com investimentos no tratamento do esgoto para que as águas do reservatório não estivessem tão poluídas. “Americana paga o preço da irresponsabilidade de muitos e muitos anos de gestores públicos que não olharam para nossa cidade no que tange às águas da represa do Salto Grande”. Ele lembrou que, logo que assumiu o primeiro mandato de deputado federal, no ano de 2000, promoveu um evento na orla da Praia com a presença de autoridades nacionais para sensibilizá-las de que a represa, já naquela época, estava pedindo socorro. “Como resultado desse movimento conseguimos junto ao governo federal a liberação de R$ 148 milhões que foram investidos na Estação de Tratamento de Esgoto de Anhumas, em Campinas, diminuindo a carga de esgoto lançada na represa. Uma das alternativas possíveis para a despoluição da represa que está em discussão é a implantação de uma Unidade de Tratamento em Rio (UTR) na calha do rio Atibaia, que utiliza a tecnologia de flotação. Sardelli comentou que conheceu a aplicação dessa técnica em vários locais, como no Parque do Ibirapuera e no rio Pinheiros, em São Paulo, no Piscinão de Ramos, no Rio de Janeiro, e na Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte. “Pelas experiências que conheci e tenho informações, a implantação de uma UTR é uma alternativa positiva, que traria melhoras para água da represa em pouco tempo”, considerou. Essa proposta continuará em discussão, inclusive porque qualquer investimento depende do levantamento de recursos. Entre os encaminhamentos de hoje está a realização de reuniões do Conselho de Desenvolvimento da RMC (Região Metropolitana de Campinas) com os prefeitos para tratarem também dessa questão de recursos. “O tema central de nossos encontros é a busca de soluções para a despoluição da represa, por isso estamos discutindo em conjunto com municípios, órgãos públicos e a sociedade organizada”, disse o promotor. Grave ??? O professor Tundisi ressaltou que a situação da represa é gravíssima e não tem mais condições de se recuperar sozinha. Ele recomendou a interdição do reservatório. “Temos uma bomba relógio em saúde pública. Enquanto não agirmos dessa forma, a população não vai perceber a gravidade da situação. Todos os dados convergem para o alto grau de poluição da represa”. Ele considerou algumas ações como necessárias, como o tratamento do rio Atibaia, que deságua na represa, o reflorestamento das margens e o monitoramento frequente do reservatório para saber a eficiência das estações de tratamento de esgoto.Como encaminhamento da reunião, análises devem ser feitas a respeito da balneabilidade da represa, como proceder com os sedimentos da represa e a recuperação da mata ciliar. O promotor cobrou ainda que seja intensificada pelos municípios a fiscalização de lançamentos clandestinos de esgoto no rio Atibaia e na represa do Santo Grande.