Quando se pensa em arte, as palavras criatividade e surpresa costumam surgir em nossa memória rapidamente. ?? como se o ato de gerar pinturas, esculturas ou artes digitais tivesse a obrigação permanente de oferecer ao observador soluções nunca antes vistas, o que é bem numa sociedade cada vez mais conectada.
Um artista modelar no sentido de trazer problemáticas e respostas renovadas a cada instante é o espanhol Pablo Picasso. Seja no cubismo, ao lado de Braque; ou em suas experiências em cerâmica, na França; traz para o jogo visual propostas que encantam pela contemporaneidade e frescor.
Uma forma de visualizar o processo criativo está numa criança levando seu carrinho o redor do chafariz de uma praça. Faz isso milhares de vezes, mas cada percurso é feito com o encantamento de ser o primeiro, inusitado, único e misterioso. ?? justamente essa disposição de vivenciar o novo a cada instante que gera na arte uma produção mental intensa.
O ‘x’ da questão talvez não esteja na capacidade de surpreender, mas na de constituir uma linguagem em constante processo de mutação que, ao mesmo tempo, não perca a coerência interna do criador. Ao se aprofundar na própria linguagem, surgem novas possibilidades. Se exploradas, podem trazer à tona uma obra potente e mágica em seu encantamento.
Oscar D’Ambrosio, Doutor em Educação, Arte e História da Cultura e Mestre em Artes Visuais, atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp.