Nos últimos meses, o temor da deportação em massa tem se intensificado entre as comunidades imigrantes nos Estados Unidos, impulsionado tanto pela incerteza gerada pelas políticas migratórias quanto pelo impacto psicológico do discurso governamental. Desde o primeiro dia do seu mandato, Donald Trump colocou na prática medidas que ampliam a fiscalização e aceleram as deportações, cumprindo parte das promessas de campanha. No entanto, até agora, a ideia de deportações em massa tem sido mais um teatro político do que uma realidade concreta.
Durante sua campanha, Trump prometeu que, no “Dia 1”, ele iria “lançar o maior programa de deportação da história americana para libertar os criminosos”. Apesar da retórica dura, isso não aconteceu. Dados do Departamento de Imigração e Fiscalização Aduaneira dos EUA (ICE) mostram que as ações têm se concentrado principalmente em indivíduos com ordens de remoção, condenações criminais ou processos pendentes.
Em julho de 2024, cerca de 650.000 imigrantes não-cidadãos com antecedentes criminais foram registrados, sendo 435.000 com condenações e 226.000 em processos pendentes, incluindo infrações de trânsito e crimes relacionados a drogas. Além disso, 1,4 milhão de imigrantes possuem ordens de deportação, mas muitos não podem ser removidos devido a questões legais ou à recusa de seus países de origem em recebê-los. Os especialistas apontam que, a menos que o ICE consiga recrutar 60.000 novos agentes, o governo não tem capacidade de perseguir e deportar centenas de milhares de imigrantes.
Impacto Da Desinformação
O pânico gerado pela falta de informações precisas levou muitos imigrantes a tomar medidas desnecessárias, como evitar sair de casa ou faltar ao trabalho.
Escritórios de advocacia especializados em imigração relatam um aumento expressivo nas consultas, muitas vezes de pessoas que não estão em risco real de deportação. “A desinformação gera medo desproporcional. Muitos dos que nos procuram não estão realmente sob ameaça, mas acabam se sentindo vulneráveis por causa da incerteza e do alarde“, comenta o advogado especializado em imigração Dr. Vinicius Bicalho, sócio fundador da Bicalho Consultoria Legal e Membro da AILA – American Immigration Lawyers Association.
Outro ponto importante, conforme alerta o Dr. Vinicius Bicalho, é que a disseminação constante de informações imprecisas pode abrir espaço para oportunistas que exploram o medo dos imigrantes, oferecendo serviços jurídicos fraudulentos ou orientações erradas. “Isso dificulta ainda mais o acesso dos imigrantes ao apoio jurídico adequado e os coloca em situações de risco desnecessários”, destaca o advogado.
Ações de Apoio
Diante desse cenário, organizações de defesa dos imigrantes seguem mobilizadas para garantir que informações corretas sejam amplamente divulgadas, reduzindo o impacto do pânico generalizado e assegurando que aqueles que realmente precisam de apoio jurídico tenham acesso a ele.
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Personalidades políticas, como a deputada Alexandria Ocasio-Cortez, reforçaram a importância do conhecimento dos direitos dos imigrantes, destacando que os agentes do ICE não podem entrar em residências sem um mandato assinado por um juiz e que todo imigrante tem direito a um advogado se for detido. Essas iniciativas são fundamentais para conter o medo desproporcional e garantir que os imigrantes tenham clareza sobre sua situação.
Nova Diretriz Migratória
Desde o início da administração Trump, mudanças significativas na política migratória já podem ser observadas. O número de imigrantes tentando cruzar ilegalmente a fronteira caiu consideravelmente, enquanto o processamento de vistos para profissionais foi agilizado. Para o advogado Vinicius Bicalho, essa tendência sugere o perfil dos imigrantes que os Estados Unidos desejam atrair.
“O governo tem sinalizado que pretende favorecer a entrada de trabalhadores altamente especializados, ao mesmo tempo em que busca restringir ao máximo a chegada de grupos em situação de vulnerabilidade. Essa abordagem pode redefinir os padrões migratórios nos próximos anos“, analisa.
A postura da Casa Branca deixa claro que a imigração será um dos temas centrais do mandato de Trump. As novas diretrizes já provocaram reações de diferentes setores da sociedade, incluindo organizações internacionais e o próprio sistema judiciário americano. “O cenário aponta para uma série de disputas legais, com a tentativa de a administração ajustar suas propostas a cada revisão jurídica para manter uma linha mais rígida nas políticas de imigração”, conclui Bicalho.
Conclusão
O discurso político e as políticas migratórias da administração Trump estão gerando grande incerteza entre os imigrantes nos Estados Unidos. Embora o governo continue adotando medidas restritivas, a deportação em massa ainda mostra uma ameaça mais retórica do que real. O pânico gerado pela desinformação levou a reações extremas, tornando essencial que os imigrantes busquem informações confiáveis e assessoria jurídica especializada.
O acompanhamento das mudanças na legislação e a mobilização de entidades de apoio são fundamentais para garantir que os imigrantes tenham os seus direitos preservados e tomem decisões fundamentadas em factos, não sem medo.
Com um compromisso voltado à orientação e à proteção dos direitos dos imigrantes, a Bicalho Consultoria Legal se destaca como um recurso essencial. A empresa oferece assessoria completa, garantindo um processo seguro e eficiente, além de disponibilizar avaliações migratórias gratuitas. Isso ajuda profissionais e famílias a planejar sua mudança de forma assertiva e bem-informada, minimizando riscos e incertezas.
Sobre a Bicalho Consultoria Legal
A Bicalho Consultoria Legal é uma empresa com ampla experiência em processos migratórios para os Estados Unidos, com escritórios no Brasil, em Portugal e nos EUA. Oferece soluções para empresas, empreendedores e profissionais liberais, que incluem assessoria jurídica, consultoria nas áreas empresarial, tributária e trabalhista, além de planejamento patrimonial, auxiliando na internacionalização de negócios e carreiras. A consultoria conta com uma equipe experiente e multidisciplinar de profissionais.
Emissão de vistos pros Estados Unidos a brasileiros cai 0,65% em 2024
O Brasil foi o terceiro país que mais recebeu vistos americanos em 2024. Foram 1,151 milhão de autorizações concedidas pelos EUA a cidadãos brasileiros, um leve recuo de 0,65% sobre o volume do ano anterior. Apenas México (2,5 milhões) e Índia (1,4 milhão) registraram mais emissões. China (975 mil) e Colômbia (511 mil) completam as cinco primeiras posições do ranking.
Os dados fazem parte da edição mais recente da pesquisa “Os vistos americanos mais concedidos para brasileiros”, realizada anualmente pela Viva América, consultoria imigratória especializada em serviços para quem quer estudar, trabalhar ou morar nos EUA.
“A emissão de vistos americanos para brasileiros registrou valores bem elevados no primeiro semestre, dando a entender que ultrapassaria o recorde de 2023. Contudo, a média de expedições dos documentos caiu a partir do segundo semestre, impedindo que uma nova máxima histórica fosse registrada”, diz Rodrigo Costa, CEO da Viva América, destacando que as emissões para brasileiros representam 10,3% dos 11,8 milhões de vistos concedidos pelo governo estadunidense no período.
O executivo explica ainda que a queda no segundo semestre não é incomum e não está relacionada à eleição de Donald Trump, cujo resultado foi confirmado em novembro do ano passado. “Não houve mudança na política consular de emissão de vistos no período. Como a variação foi muito pequena, fatores como folgas extras, feriados prolongados e, com certeza, o período de quase dois meses em que o consulado de Porto Alegre ficou fechado por causa das enchentes na região pode ter impactado o resultado.”
A pesquisa foi elaborada a partir de relatórios oficiais do Departamento de Estado americano, que administra a emissão de vistos em todos os consulados e embaixadas dos EUA ao redor do mundo.
Com mais de 568 mil emissões, o consulado de São Paulo foi o terceiro posto diplomático dos EUA que mais processou vistos em 2024, atrás apenas do consulado de Monterrey, no México, e da embaixada na capital mexicana. O consulado do Rio de Janeiro ficou na 16ª colocação, seguido por Brasília (20ª), Porto Alegre (25ª) e Recife (31ª).
Os vistos queridinhos
De acordo com a pesquisa da Viva América, 81 vistos diferentes – entre temporários e imigratórios – foram concedidos a brasileiros em 2024. A liderança, claro, ficou com o visto de turismo e negócios (conhecido como B1/B2), que registrou 1,088 milhão de emissões – maior volume da história e equivalente a 94,5% de todos os vistos dados a nacionais do Brasil.
“O Brasil historicamente é um dos dez países que mais enviam turistas aos EUA. Mesmo com a alta do dólar que vimos nos meses finais do ano passado, não é algo que costuma afetar o apetite do brasileiro pelos destinos norte-americanos”, analisa o CEO da Viva América.
De janeiro a novembro de 2024, segundo os dados mais recentes do Escritório de Turismo e Viagem dos EUA, 1,68 milhão de brasileiros viajaram ao país, passando pelo menos uma noite. Já é um número superior aos 1,62 milhão de 2023 inteiro e o maior volume desde 2019 (2,2 milhões).
Os vistos de intercâmbio (J-1) e de estudante (F-1) foram, respectivamente, o segundo e o terceiro mais concedidos para brasileiros em 2024, com 11,3 mil e 7,2 mil autorizações expedidas.