O uso excessivo de celulares e o impacto das redes sociais têm se tornado uma preocupação crescente entre cientistas, especialmente em relação às consequências cognitivas e emocionais desse comportamento. O precursor em estudos sobre o víceo em telas Dr. Fabiano de Abreu Agrela, pós-PhD em Neurociências, membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos e da Royal Society of Medicine no Reino Unido, alerta que o vício em tecnologia pode ter efeitos profundos não apenas na inteligência, mas também na saúde global de seus usuários.

Segundo estudos recentes, o tempo excessivo diante das telas interfere diretamente no funcionamento do cérebro, comprometendo a capacidade cognitiva e alterando a morfologia cerebral. “A dependência tecnológica, particularmente o uso exacerbado de smartphones, está relacionada à disfunção de neurotransmissores essenciais para a inteligência, como os que envolvem o processamento cognitivo e a tomada de decisões”, explica o Dr. Fabiano.

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Essas alterações químicas no cérebro, muitas vezes associadas ao vício em celular, também podem aumentar a vulnerabilidade a transtornos mentais. A exposição contínua às redes sociais, por exemplo, tem sido relacionada à ansiedade, depressão e déficits na memória de curto prazo. De acordo com o especialista, a predisposição genética ao vício pode intensificar esses riscos, servindo como “gatilho” para outras dependências, inclusive de substâncias químicas.

Dr. Fabiano também destaca que os impactos desse comportamento vão além da cognição. “As alterações morfológicas no cérebro e as disfunções neuroquímicas aumentam a predisposição a transtornos psiquiátricos, que, a longo prazo, podem resultar em quadros de demência”, afirma.

A inteligência emocional também é afetada

Vício de celular: diminuição da inteligência e do tempo de vida

(Brasília – DF, 26/01/2019) Presidente da República Jair Bolsonaro conversa por telefone com o Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu. Foto: Isac Nóbrega/PR

O vício em celular não afeta apenas o quociente de inteligência (QI), como muitas vezes se imagina. De acordo com o Dr. Fabiano, a inteligência emocional, que engloba habilidades como empatia, autocontrole e a capacidade de estabelecer relacionamentos interpessoais, também sofre grandes impactos. “A inteligência emocional, que não é medidas em testes de QI, é fundamental para nossa interação social e desenvolvimento pessoal. O uso descontrolado de dispositivos móveis prejudica esses aspectos, comprometendo o desenvolvimento da criatividade subjetiva e das habilidades sociais”.

Essas disfunções cognitivas e emocionais, quando não tratadas, podem levar a uma série de consequências negativas, tanto na vida pessoal quanto profissional. Pesquisas mostram que pessoas dependentes de celulares e redes sociais tendem a tomar decisões erradas, seja em relação à carreira, às finanças ou até mesmo à saúde, o que pode resultar em uma queda na qualidade de vida e até no poder aquisitivo.

Reflexos socioeconômicos do vício em tecnologia (celular)

O impacto do uso excessivo de celulares vai além da saúde individual, podendo afetar também a sociedade como um todo. O especialista alerta que o declínio das capacidades cognitivas e emocionais pode ter repercussões econômicas. “O uso excessivo de celulares não apenas afeta a capacidade de tomar boas decisões, mas também diminui a produtividade. Isso, somado às escolhas equivocadas na vida pessoal e profissional, pode refletir no declínio econômico de uma população, algo que, em larga escala, afeta até a economia de um país”, conclui Dr. Fabiano.


Sobre o especialista
Dr. Fabiano de Abreu Agrela é pós-PhD em Neurociências, licenciado em Biologia e membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos, da Royal Society of Biology no Reino Unido e da The Royal Society of Medicine. É diretor do CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito e autor de mais de 280 estudos científicos.

 

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