Um estudo sobre fertilidade masculina publicado na edição de janeiro do JAMA, o jornal da Associação Médica Americana, não encontrou benefícios relacionados à suplementação de zinco e ácido fólico para a fertilidade masculina. Os achados contrariam algumas suspeitas anteriores de que a ingestão regular destes suplementos poderia ser uma maneira eficaz, de baixo custo e não invasiva de tratar a infertilidade masculina.Os primeiros estudos, realizados há mais de dez anos, foram bastante divulgados e ainda hoje são citados em reportagens sobre o assunto. Desde então, muitos homens passaram a fazer uso destes suplementos, mesmo sem orientação médica, revela o Dr. Marcelo Lorenzi, médico urologista do Centro Integrado de Urologia (CIU).De acordo com o autor principal do estudo, Dr. Enrique Schisterman, do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano Eunice Kennedy Shriver da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, embora estudos anteriores mostrassem benefícios, ainda eram necessárias novas avaliações em busca de evidências definitivas de que a medida seria eficaz.Assim, foram avaliados 2370 casais de quatro cidades dos Estados Unidos em tratamento de infertilidade.Os homens foram divididos em dois grupos. No primeiro deles, os participantes receberam um suplemento diário de 5 mg de ácido fólico e 30 mg de zinco. No outro, foi oferecido placebo. Após seis meses, não houve grande diferença entre o número de nascidos vivos, nem na avaliação do esperma dos homens de ambos os grupos.Por outro lado, os resultados revelaram que os suplementos podem ter efeitos colaterais negativos. Os homens do grupo que tomou os suplementos, houve uma taxa ligeiramente maior de fragmentação do DNA espermático, que pode contribuir para a infertilidade, além de relatos de sintomas como náuseas e vômitos.Diante destes resultados, o co-autor do estudo, Dr. James M. Hotaling, desaconselha o uso de suplementação de ácido fólico e zinco por parceiros masculinos em tratamento para infertilidade, pois não há evidências de melhora nos resultados de nascidos vivos ou da função do sêmen.Assim, o dr. Marcelo Lorenzi orienta que os pacientes não façam uso de suplementos de ácidos fólico e zinco sem orientação médica.”Suplementos alimentares, assim como qualquer medicamento, podem também prejudicar a saúde quanto tomados indevidamente. A orientação profissional antes de fazer uso de qualquer substância é muito importante para não colocar a saúde em risco”, alerta o especialista.O estudo está disponível em https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2758450.