Feriado da Consciência Negra?
Em um recente documentário na TV, um flagelado da catástrofe de Mariana, que perdeu sua casa, sua vila e sua vida na lama, contou que ao usar o vale-alimentação indenizatório para pagar sua compra em um supermercado, naquela cidade, foi ironizado pela moça do caixa, que lhe perguntou: ???Você não pensa em trabalhar????. O que intriga é que essa manifestação preconceituosa partiu de alguém com um padrão de vida muito próximo ao daquela pessoa. Fica evidente que, infelizmente, o preconceito é uma deformação moral comum a boa parte das pessoas de qualquer agrupamento étnico, regional, religioso ou social. Entendo que o preconceito é uma teorização simplista e dissimulada para justificar atos absurdos e até crimes contra a humanidade! A escravidão dos negros africanos no Brasil – capturados por outros grupos étnicos africanos -, são um exemplo de vítimas desse absurdo. Passados mais de 120 anos desse período vergonhoso de nossa história, embora, o racismo – ainda que velado – seja incontestável, o feriado da Consciência Negra é mais uma tentativa de segmentação da nação. São movimentos ligados a partidos de esquerda que, seguindo a cartilha gramsciana, empunham a bandeira da vitimização de minorias. Num país que teve abolicionistas célebres, como Castro Alves, André Rebouças, Joaquim Nabuco e José do Patrocínio, forjaram um herói e seu retrato. Assim como alguém deu a Tiradentes uma imagem semelhante à de Cristo, quando ele teria sido enforcado de barba e cabelo raspados, como se procedia com presos, naquele tempo.Temo que, se entendermos que todos os povos, um dia escravizados ou vítimas de holocaustos em algum tempo, fizerem jus a um feriado, vamos precisar de mais de 365 dias no ano…
Orestes Camargo Neves