O que Platão e a trilogia Matrix têm em comum? Muito mais do que você imagina! A história do cinema está repleta de títulos de sucesso que se baseiam em questões filosóficas e tratam das relações e questionamentos humanos e, por isso, são atuais. O professor de História e Filosofia do Colégio Marista Maringá, Paulo Asalin, explica que a Filosofia estuda o conhecimento, a natureza do ser humano, temas  sempre presentes na ciência. “A filosofia, não pode limitar-se a livros e textos, que somente serão lidos e interpretados por estudantes e estudiosos. Os temas devem ser divulgados para que possam chegar a todas as pessoas e induzirem a pensar e analisar as situações, gerando uma sociedade mais consciente e ativa nos problemas que vive”, analisa e complementa: “o cinema pode ser considerado como uma mola impulsora para a atividade filosófica, pois permite um conhecimento do mundo que transpassa o lazer”.

Como diversos ensinamentos podem ser tirados de filmes, seriados e teorias, problemas e soluções podem ser transmitidos pelos enredos, o professor Asalin listou alguns títulos para estudar Filosofia na prática. Confira:

Seriados:

The Good Place – com quatro temporadas na Netflix, este seriado trouxe discussões sobre filosofia, ética e moral de uma forma leve, prática e engraçada. Os quatro personagens principais se encontram no paraíso após a morte, e têm que lidar com suas escolhas em vida para toda a eternidade. O professor de Filosofia Chidi, é a prova de que nem só de teoria se faz um bom caráter, ou boas escolhas.

Merli – este sitcon sobre um professor de Filosofia frustrado com a vida, mas apaixonado pelo que faz, é uma imersão nesta ciência. O questionamento dos jovens e as experiências pelas quais o professor passa trazem reflexões e aprendizados constantes.

Lost – há quem ame e quem odeie, mas Lost foi um marco nas produções feitas para televisão. A história se passa após a queda de um avião deixar apenas alguns sobreviventes em uma ilha deserta. A partir daí, surgem debates sobre questões básicas como divisão de mantimentos, habilidades, funções sociais e até se eles estariam realmente vivos ou no purgatório, por exemplo.

Filmes:

Matrix – a trilogia Matrix também foi marcante no cinema, tanto pelo enredo como pelo uso da tecnologia e efeitos visuais. O filme conta a história do programador Thomas, que sonha que um computador está sendo ligado ao seu corpo. Com o tempo, ele descobre o que é Matrix e como funciona o duelo entre a realidade verdadeira e a manipulada. Ou seja, é o retrato do Mito da Caverna, de Platão, em que o sujeito precisa se libertar para entrar no mundo real.

Show de Truman – Jim Carrey vive Truman Burbank, um homem que leva uma vida tranquila, sem desconfiar que seus dias são televisionados para milhares de pessoas. Quando desconfia que sua realidade é uma farsa, o filme retrata a saída da caverna, rompendo o mito de Platão, e traz também as opiniões dos espectadores.

A origem – Leonardo DiCaprio é um ladrão que costuma invadir a mente e os sonhos de suas vítimas para roubar segredos que estão guardados no subconsciente. Ele também lida com a morte da sua esposa e a separação dos filhos, enquanto encara o desafio de implantar uma memória em um empresário. Aqui, a diferença dos mundos – sensível e inteligível – retratam o platonismo.

Minority report – a nova lei – mais um título de ficção científica que traz questionamentos filosóficos. Dessa vez, o livre arbítrio e o determinismo estão em jogo, pois o chefe de pré-crime, John Anderton, fiscaliza delitos ainda não cometidos. Como estabelecer que o futuro já está determinado? E qual é o papel do governo na proteção ou punição do cidadão?

Sociedade dos poetas mortos – O professor John Keating desafia a tradição e a rigidez de uma tradicional escola de garotos. Ele traz conhecimentos e questionamentos de uma maneira nova, que incentiva os alunos a ter opiniões críticas e postura autônoma perante o mundo. É um clássico que continua atual e bastante filosófico, pois ensina a questionar e não a ter respostas.

Uma mente brilhante – A busca de John Nash por uma tese que revolucionasse o meio acadêmico, algo que ainda não havia sido estudado ou demonstrado, é retratado nesse longa premiado. Além dos desafios, o cientista também tem que lutar entre diferentes realidades, pois lida também com a esquizofrenia e a batalha entre o que realmente acontece em sua mente ou fora dela.

Sherlock Holmes – existem muitas releituras do clássico detetive britânico, mas todas mantém o teor investigativo de Holmes e seu companheiro, Watson. Seja nos livros, nos filmes e até nos seriados, é possível notar que Sherlock se guia pela ética, pela lógica e por deduções que escapam aos olhares desatentos, mas que para ele são obvias e claras como a luz dia, ou, elementares.