A cada ano, secas mais intensas e duradouras, ao lado de chuvas de menor periodicidade, porém, com grandes volumes de precipitação, tem causado impactos a várias regiões do país, em especial às Bacias PCJ, ampliando a ocorrência de eventos extremos. E isso tende a piorar. Segundo a coluna de Jamil Chade no UOL, que teve acesso previamente ao Informe do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), 28 milhões de pessoas, apenas no Brasil, viverão sob estresse hídrico nos próximos 30 anos.
De acordo com as informações coletadas pelo colunista, presentes no documento do IPCC, a incapacidade dos governos em definir uma agenda para limitar o aquecimento global a 1,5° C trará graves consequências ao planeta, em especial à gestão da água.
Um dos capítulos atenta que “a insegurança hídrica causada pela escassez de água e a degradação da qualidade dela aumentarão com impactos subsequentes na subsistência, particularmente para populações vulneráveis”, aponta o relatório obtido por Chade.
“Com 3° C de aquecimento, estima-se que 170 milhões de pessoas serão afetadas por secas extremas. Em cenários mais severos, projeta-se que as cidades serão negativamente afetadas por secas até 20 vezes mais frequentes até 2100 do que as secas mais severas do registro histórico. Mesmo um aquecimento de 2,7º C colocaria de 21 a 112 milhões de pessoas em estresse hídrico na Mesoamérica, 28 milhões no Brasil e até 31 milhões no resto da América do Sul. No sul da Europa, mais de um terço da população estará exposta ao estresse hídrico”, relata.
Os dados atentam que as crises hídricas causarão impactos econômicos às regiões afetadas, acarretando redução do Produto Interno Bruto (PIB) e ampliação das desigualdades sociais. “O aquecimento de temperaturas, a escassez de água, a seca e os eventos extremos tiveram impactos em quase todos os setores econômicos, em todas as regiões, com desafios específicos e algumas oportunidades para a produção de energia, extração de recursos naturais, turismo, comércio e finanças”.
Somado a isso, o documento do IPCC ainda alerta para o potencial dos danos ambientais e de disputas hídricas gerarem conflitos políticos, sociais, violentos e armados. “A alta qualidade ambiental e o acesso a áreas naturais sustenta o bem-estar humano e as sociedades pacíficas”, discorre.
Como exemplo desse cenário preocupante, somente em 2021, as Bacias PCJ apresentam uma redução média de 30% no volume de chuvas esperadas para o período entre janeiro e novembro. No entanto, a região vem apresentando redução das precipitações nos últimos 10 anos, o que demonstra a necessidade premente de políticas públicas voltadas ao contingenciamento dos impactos dos eventos extremos à disponibilidade hídrica para o abastecimento urbano, industrial e rural.
O Consórcio PCJ tem alertado sobre a importância de se estabelecer uma agenda constante de ações sobre o tema, como por exemplo: obras de curto, médio e longo prazos (reservatórios municipais e regionais de água bruta e tratada), formas de armazenamento de água de chuva em áreas urbanas e rurais, incentivos legais para o desenvolvimento de soluções para aumento da segurança hídrica e campanhas de sensibilização e uso sustentável da água.