Comprar um veículo com valor até 30% menor do que o praticado no mercado é o que tem atraído consumidores para os leilões. Associações do setor estimam que houve um aumento de 40% na procura por esse tipo de negócio no Brasil.

“Paguei R$ 32,5 mil no carro e 5% de comissão. ?? época, o preço de tabela era de R$ 54 mil”, afirma o arquiteto Edson Brito, 34, que comprou seu Mitsubishi Pajero TR4 2014 em um pregão.
Segundo Luiz Tenório De Paula, presidente do Sindicato dos Leiloeiros do Rio de Janeiro, carros pouco rodados como o adquirido pelo arquiteto estão sendo leiloados devido à alta na taxa de inadimplência dos financiamentos.
“Apesar de a retomada não ser imediata, muitos carros estão chegando relativamente novos aos pátios dos leiloeiros”, afirma De Paula.
Contudo, a vantagem financeira pode virar prejuízo se o veículo tiver problemas graves. Essa foi a experiência do aposentado Serafin Lopes, 62, com leilão. Ele comprou um carro que deu problemas diferentes por anos.
“Nunca consegui arrumar o limpador de para-brisas, o motor quebrava, a lataria da porta começou a entortar e chovia dentro”, conta. Ele descobriu que o veículo havia sofrido um grave acidente e foi considerado irrecuperável pela seguradora. Só devia ser vendido como sucata.
TRANSPAR??NCIA
A legislação atual obriga os leiloeiros a descrever todos os defeitos detectados. “O veículo pode ter problemas, mas isso tem que ficar transparente para o comprador”, diz Ana Matheus, gerente da Sold Leilões.
Para profissionais do ramo, porém, o nível dos veículos têm melhorado.
“Antes havia muitos problemas porque a maioria dos carros que iam para leilão eram os chamados salvados (oriundos das seguradoras). Agora, muitos vêm de financiadoras ou foram apreendidos por irregularidades na documentação”, afirma o leiloeiro Carlos Alberto Barros.
Por melhor que esteja o carro, sempre há algo a ser feito. “Você nunca pega o carro 100%. Tive que comprar bateria, arrumar o retrovisor esquerdo e também fazer a higienização da cabine do meu Pajero”, conta Brito.
De acordo com o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), despesas como dívidas do antigo dono, taxas de reboque e diárias do depósito onde o carro ficou apreendido não são responsabilidade do novo proprietário.
O leiloeiro Luiz Alexandre Maiellari, da Sodré Santoro Leilões, explica que, por mês, sua empresa recebe entre 5.500 a 6.500 veículos de frotas, acidentados e recuperados de financiamento.
“Os carros recuperados de financiamento são os que têm mais procura de pessoas físicas, mas 70% da procura total por leilões vem de pessoas jurídicas”, diz Maiellari.
No mercado há dez anos, a Sold Leilões viu as vendas subirem cerca de 20% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2016. Segundo a gerente Ana Matheus, a empresa faz cerca de cinco leilões por mês e possui mais de 2,6 milhões de clientes cadastrados. “O preço é o principal atrativo, com veículos que iniciam o leilão com valor até 50% da tabela Fipe”, diz.
Uma economia de R$ 10 mil foi o que atraiu o contador Cleudson Silva, 31, que comprou um Focus. “Fiz tudo pela internet e em cinco dias já estava com o carro.”
Com informações da Folha UOL