Instabilidade política e percepção de que os problemas econômicos são graves levam empresários de menor porte ao pessimismo. Para 61% dos empresários economia piorou e 47% não preveem alterações no faturamento para daqui seis meses

O Indicador de Confiança do Micro e Pequeno Empresário (ICMPE) registrou 49,8 pontos no último mês de maio, segundo dados apurados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). O número ficou ligeiramente abaixo do observado em abril, quando marcara 51,3 pontos, mas supera os 36,6 pontos de maio do ano passado. 
A escala do indicador varia de zero a 100, sendo que quanto mais próximo de 100, mais confiantes estão os empresários.
Na avaliação dos economistas do SPC Brasil, a interrupção do crescimento da confiança dos empresários deve-se, basicamente, à lentidão do processo de retomada da economia, que tem apresentado sinais incipientes e ainda frágeis de melhora. O número também reflete o delicado equilíbrio político, ameaçado por pressões contra as reformas estruturantes propostas pelo governo. “A plena retomada da confiança depende de um mínimo de previsibilidade no cenário político e econômico, fato que ainda estamos distantes de alcançar. Há, diariamente, uma profusão de notícias bastante negativas que acabam inibindo o empresariado. Para os próximos meses, a depender da duração e intensidade da atual crise, é de se esperar uma piora dos índices de confiança para o segundo semestre”, analisa o presidente da CNDL, Honório Pinheiro.
Condições Gerais cai para 34,5 pontos e Expectativas recua para 61,3 pontos
O subindicador de Condições Gerais, que avalia a percepção do micro e pequeno empresariado sobre o desempenho de suas empresas e da economia brasileira nos últimos seis meses, apresentou queda, passando de 37,1 pontos em abril para 34,5 em maio. No mesmo mês do ano passado ele estava em 23,6 pontos. O número ainda persiste abaixo do nível neutro de 50 pontos, o que significa que, para a maioria dos micro e pequenos empresários, a situação econômica do país e de suas empresas se deteriorou mais recentemente.
O subindicador de Expectativas, que projeta perspectivas para os próximos seis meses, também apresentou um recuo, caindo de 61,9 pontos para 61,3 pontos na escala. Ainda assim ele se mantém acima do que fora observado em maio de 2016, quando o índice estava em 56,1 pontos.
Economia piorou para 61% dos micro e pequenos empresários
De acordo com o indicador, seis em cada dez (61%) empresários consideram que houve piora nas condições da economia nos últimos seis meses. Para um quarto (25%) desses entrevistados o quadro se manteve estável, enquanto somente 13% relataram ter sentido alguma melhora. Quando a análise se detém aos seus próprios negócios, mais da metade (51%) avaliam que houve alguma piora, contra 15% de empresários que viram uma reversão positiva do quadro. Os que avaliam o cenário interno de suas empresas como estável ao longo dos últimos seis meses somam 34% da amostra.
Levando em consideração os empresários que viram o seu negócio piorar, 72% identificaram a queda no volume de vendas como o sinal mais evidente da crise. O aumento dos preços dos produtos e de matéria prima foi relatado por 10% dos micro e pequenos empresários consultados na sondagem e 9% citam o aumento da inadimplência de clientes e fornecedores. 
45% vislumbram melhora da economia para daqui seis meses e 31% acreditam que situação ficará do mesmo jeito que o atual
Quanto o assunto é o futuro da economia, 45% dos entrevistados se dizem, em algum modo, otimistas para os próximos seis meses. Na avaliação de 31%, a situação permanecerá do mesmo jeito, ao passo que 20% acreditam em um aprofundamento da crise. Quando a análise se detém apenas ao próprio negócio, o percentual de otimistas é um pouco maior e atinge 56% dos micro e pequenos empresários. Para 32% a situação continuará igual e para 9% ela deve piorar.
Entre os pessimistas diante da situação econômica, a questão política tem um peso fundamental: 35% desses empresários acreditam que haverá um aprofundamento da crise econômica por haver incertezas na esfera política. Há ainda um terço (33%) de entrevistados que citam o fato de o pais atravessar problemas econômicos graves e 11% que acreditam na volta do descontrole da inflação. Outros 11% avaliam que a contínua queda das vendas deve prejudicar a recuperação econômica.
Para os que manifestam otimismo com o futuro da economia, quase a metade (48%), contudo, não sabem explicar as razões: apenas acreditam em uma reversão de cenário. Há ainda 21% de micro e pequenos empresários que citam a recente melhora de alguns indicadores macroeconômicos e 14% que nutrem esperança de a crise política se resolver.
Para os que estão otimistas com o próprio negócio, novamente, 40% não sabem explicar as razões, ao passo que 23% alegam fazer uma boa gestão da empresa, contornando os efeitos da crise. Outros 16% justificam a perspectiva com o fato da economia emitir alguns sinais de melhora.
Quando questionados sobre o que esperam para o faturamento de seus negócios, 47% dos entrevistados acreditam que ele não irá se alterar nos próximos seis meses. Outros 40% depositam esperanças em um provável crescimento das vendas, enquanto apenas 8% aguardam quedas nesse sentido.