Sempre que o paciente possui queixa de dificuldade auditiva, passou por investigação clínica específica e o especialista otorrinolaringologista prescreveu tal dispositivo de amplificação auditiva.
A perda de audição, em 60% dos casos, é de origem genética (hereditária). Os outros 40% estão relacionados a fatores ambientais, como infecções da gestante durante a gravidez, incluindo rubéola, sarampo, varicela. Ocorre ainda ao longo da vida por exposição à ruído, traumas, infecções, diabetes, o uso de álcool, drogas, medicamentos tóxicos ao ouvido. Complicações durante o parto, sofrimento fetal, falta de oxigênio, nascimento prematuro, circular de cordão umbilical, também são causas possíveis.
Crianças e adultos podem usar?
Sim, crianças com poucos meses de idade, caso possuam indicação formal, podem utilizar. Assim como adultos e idosos. A idade não é um empecilho.
Deve-se ter algum cuidado no uso de prótese auditiva?
Sim, sempre. A prótese auditiva requer cuidados importantes. O dispositivo não deve ter contato com água, nem umidade, porque pode danificar, portanto deve sempre ser removido antes do banho. A prótese precisa ser higienizada diariamente pelo próprio paciente com um lenço de papel seco e macio para remover o cerume que pode ficar grudado no aparelho. O paciente deve levar a prótese regularmente nas revisões agendadas pela empresa fornecedora do equipamento, para ajuste e regulação, ou sempre que observar algum defeito, ou em caso de limpeza mais detalhada que envolva troca de filtros, tulipas etc. Quando não estiver nas orelhas, a prótese deve permanecer em caixa antiumidade justamente para minimizar o desgaste das peças internas. O paciente deve comparecer a cada três meses ao otorrinolaringologista para limpeza adequada do canal do ouvido.
O aparelho ajuda a recuperar a audição?
Sim, em parte. Na verdade, o aparelho contorna o problema auditivo, ele amplifica os sons que chegam na orelha. Isto é importante, pois um ouvido não estimulado é igual a um cérebro não estimulado. Pacientes com algum grau de perda auditiva apresentam 30% mais chances de evoluir com declínio cognitivo, caso não sejam adaptados com prótese auditiva. Além disso, a experiência clínica mostra que um sujeito estimulado por prótese auditiva, em alguns meses, já começa a apresentar mudanças na audiometria, em especial em termos de percentual de reconhecimento da fala, que aumenta, pois, apesar do ouvido ter a deficiência, o cérebro está recebendo a informação proveniente da amplificação. Então sim, com o tempo ocorre um ganho auditivo central.
Perfil Dra. Jeanne Oiticica
Médica otorrinolaringologista, concursada pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Orientadora do Programa de Pós-Graduação Senso-Stricto da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP.
Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Professora Colaboradora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Responsável do Ambulatório de Surdez Súbita do hospital das Clínicas ??? São Paulo.