No ano passado, dois irmãos, Haroldo e Diogo Poliselli, proprietários da Diamante Índio Gigante, de Jaguariúna (SP), chamaram a atenção da Imprensa nacional ao anunciar a existência de um galo da raça Índio Gigante com a impressionante marca de 124 centímetros de comprimento. Da noite para o dia, o animal batizado de Canário da Diamante ganhou fama de celebridade, tornando-se manchete em todo o Brasil, além da repercussão alcançada nas redes sociais.  Se com aquele tamanho ele despertou curiosidade e até mesmo espanto, saiba que agora um de seus sobrinhos, o Voodoo da Diamante, chegou a 126 centímetros, se transformando em recordista absoluto da raça.
Essa façanha foi legitimada pela Associação Brasileira dos Criadores do Índio Gigante (ABRACIG), entidade que assiste criadores da espécie nacionalmente. “No ano passado, fomos procurados por várias emissoras de televisão, até mesmo do exterior, mas não pudemos autorizar que filmassem o Canário. Ele estava doente e tivemos que preservá-lo exclusivamente à reprodução antes que morresse. Qualquer interferência comprometeria seu desempenho e não poderíamos correr esse risco.  Com Voodoo será diferente. Ele é um frango jovem, está saudável e ainda não entrou em reprodução”, explica Haroldo Poliselli.
A decisão mostrou-se sábia naquele momento. Canário morreu poucas semanas depois de sua exposição nacional. Uma pena, mas deixou aves expoentes, como a Mamba da Diamante, oficialmente a maior franga da raça, com 109 centímetros, 3 cm a mais que a recordista de 2016, Viola da Diamante (1,06 metro), que também pertence ao criatório. “Nossa preocupação com o tamanho deve-se ao fato de que cada centímetro atingido pelo animal, acima de um metro, chega a valorizá-lo em mais de R$ 1.000,00”, diz Diogo Poliselli, irmão de Haroldo e sócio na Diamante Índio Gigante.  No ano passado, os irmãos recusaram uma proposta de R$ 80 mil pelo animal.
Diamante, a casa dos gigantesHá quatro anos, Haroldo e Diogo descobriram na raça um negócio promissor. E como em qualquer outra atividade econômica, rapidamente os resultados amortizaram o capital investido em genética, pesquisa e tecnologia. Do ovo à galinha, todos os processos são rastreados e a paternidade dos animais é comprovada por DNA. O projeto envolve até mesmo uma parceria com a USP/Pirassununga, responsável pelo levantamento das DEPs (Diferenças Esperadas na Progênie) de cada animal. Nada mais são do que estatísticas que ajudam a estimar quanto os filhos poderão ser melhores que seus pais.
O trabalho culmina em aves expoentes em larga escala, genética que os irmãos fazem questão em democratizar com outros criadores.  “Por ano, três ou, talvez, quatro criadores em todo o território nacional conseguem tirar galos com mais de 117 centímetros. Nos últimos dois anos, conseguimos mais 30”, compara Haroldo Poliselli.
E a cada ano a geração costuma ser melhor. Em 2016, além do recordista Canário, a Diamante Índio Gigante revelou outros gigantes como Bordado (119 centímetros), Pente Fino (117 centímetros), a franga Viola (106 centímetros recordista de 2016) e o Monster da Diamante (118 centímetros), pai do Voodoo. São todos descendentes do lendário Pajé da Diamante, o genearca do gigantismo.  Em 2017, os netos do animal é que roubaram a cena. Além do Voodoo e da Mamba, tem o Bolero (119 centímetros), o Garimpo (117 centímetros), o Máscara (117 centímetros), o Scott (121 centímetros) e a Panamera (102 centímetros), entre outros.
Um criador pernambucano que entrou para a raça ao adquirir um casal ofertado no primeiro remate da Diamante Índio Gigante, realizado no ano passado, conseguiu tirar um galo de 120 centímetros, o maior em todo o Nordeste.  A propriedade arma o seu segundo leilão no dia 23 de setembro, em Jaguariúna (SP), com a oferta de 30 irmãos de Voodoo e Mamba (netos de Pajé da Diamante), e a presença de criadores de todo o Brasil.
Origem do Índio GiganteO Índio Gigante é uma raça brasileira que nasceu na década de 1980, em Goiás e Minas Gerais, do cruzamento das raças Shamo e Malaio com a galinha caipira (sem raça definida). A ave tem a cabeça de porte médio a grande, pele amarela, asas encaixadas, além de peito vistoso. Suas coxas devem ser musculosas para sustentar o corpo e são mais valorizados os galos com crista ervilha e barbela de boi (única).
Foi apenas no ano 2.000 que o Índio Gigante começou a ganhar espaço em outros estados, com a popularização da internet.  Os animais são considerados dóceis e convivem em harmonia com outros galináceos.  Existe apenas no Brasil, mas são passíveis de exportação. Diogo e Haroldo recebem consultas de outros países todos os meses, mas o processo exige a regularização de protocolos sanitários ainda inexistentes. “?? preciso que seja criada uma legislação para o Índio Gigante, que em muitos casos pode ser erroneamente confundido com galos de briga e injustamente sacrificado, como presenciado em uma exposição”, lamenta Haroldo.
Casamento perfeitoApesar de atuarem no mercado de elite, a Diamante Índio Gigante recomenda o cruzamento de galos de medida inferior com a galinha caipira. Criar frango em terreiros é uma prática que corresponde à boa parte da avicultura brasileira. Eles engalam perfeitamente e apesar de sua imponência, as galinhas dão ovos de tamanho normal. “O Índio Gigante transfere até dois quilos extras de carne aos cortes mais nobres (peito e coxas)”, conclui Diogo.