Lidar com a vida e a obra de artistas plásticos sempre é um desafio. Esta lista, incompleta como qualquer outra, apresenta filmes realizados com os mais diversos enfoques. ?? uma jornada por diversos estilos de trabalho, mas todos voltados para destacar e discutir o talento de criadores visuais que constituem autênticos patrimônios da humanidade.
(1) Michelangelo (1475-1564)
Agonia e ??xtase (1965)Direção: Carol Reed?? uma imperdível reflexão sobre as relações entre a arte e o poder. Foca a tumultuada relação entre o Papa Júlio II (Rex Harrison) e Michelangelo (Charlton Heston), contratado para pintar o teto da Capela Sistina. As discussões obre o projeto, os prazos, a liberdade criativa e a simbologia na execução são muitos atuais.
(2) Caravaggio (1571-1610)
Caravaggio (1986)Direção: Derek JarmanTrata a vida e a obra de Michelangelo Merisi da Caravaggio (Nigel Terry) de uma maneira ousada. Além da fotografia, toda marcada pelo claro e escuro que caracteriza o artista italiano, faz intervenções surpreendentes, como o ruído das pás de um helicóptero, para lembrar que a obra do pintor estava além do seu tempo.
(3) Johannes Vermeer (1632-1675)
Moça com Brinco de Pérola (2004)Direção: Peter WebberGraças a este filme de extrema delicadeza e cuidado visuais, conhecemos melhor a técnica de Johannes Vermeer (Colin Firth), um dos mais importantes pintores do século XVII. O foco central está na tela que intitula o filme, que teve como modelo Griet (Scarlett Johansson), uma jovem holandesa que trabalha na casa do pintor.
(4) William Turner (1775-1851)
Mr. Turner (2015)Direção: Mike LeighEste retrato feito de J.M.W Turner (Timothy Spall), um dos mais importantes pintores ingleses, enfatiza a sua personalidade introspectiva e a fascinação pela luz. Além de tratar de uma improvável paixão próximo ao fim da vida, dá uma boa ideia do processo criativo de um artista que é uma rferência obrigatória em termos de qualidade e técnica de pintura.
(5) Auguste Rodin (1840-1917)
Rodin (2017)Direção: Jacques Doillon?? um filme que desperta paixão e ódio. Alguns amam, outros condenam. O principal mérito está em tratar menos da relação do escultor Auguste Rodin (Vincent Lindon) com a esposa e com a amante Camille Claudel e mais de seu processo de criação diferenciado, marcado pela liberdade do pensar e pelo questionamento do poder.
(6) Paul Gauguin (1848-1903)Há aqui há duas visões que se complementam.
Gauguin – Um Lobo Atrás da Porta (1986)Direção: Henning CarlsenEm 1883, após uma longa permanência no Taiti, o pintor Paul Gauguin (Donald Sutherland) retorna a Paris, com muitas telas e uma nova visão de mundo. Investe tudo o que tem numa exposição, que fracassa. Surge assim um artista dividido entre seu passado europeu e o desejo de desfrutar a nova vida descoberta no Pacífico.
Gauguin (2017)Direção: Edouard DelucAqui, em 1891, Gauguin (Vincent Cassel), agora morando no Taiti, enfrenta nova decepção. Está longe dos códigos europeus, mas começa a sucumbir em meio à selva, à solidão, à pobreza e a doenças. Revela-se cada vez mais como um artista sem lugar, pois não pertence ao sombrio mundo europeu, mas também não é um solar nativo tropical.
(7) Vincent Van Gogh (1853-1890)Aqui temos, no mínimo, quatro excelentes opções para refletir.
Sede de Viver (1956)Diretor: Vincente MinnelliAdaptado do livro de Irving Stone, o filme se inicia em 1877, com Van Gogh (Kirk Douglas) em sua tentativa de ser pastor na Bélgica junto aos mineiros. O foco é a conturbada relação com Paul Gauguin (Anthony Quinn). A figura do artista é exaltada romanticamente, mas o duelo entre dois dos melhores artistas de uma geração vale a pena.
Van Gogh, Vida e Obra de um Gênio (1990)Direção: Robert AltmanOs irmãos Vincent (Tim Roth) e Theo (Paul Rhys) são vividos com intensidade O destaque vai para a interpretação do diretor do isolamento do protagonista do mundo e da sociedade, em grande parte pela sua obsessão criadora e pela própria inquietação perante o próprio trabalho.
Van Gogh (1991)Direção: Maurice PialatA abordagem aqui é dos últimos dois meses de vida do artista, interpretado por Jacques Dutronc, antes de ele cometer suicídio. ?? mostrado um momento de tensas discussões com o irmão Theo, além da perda de confiança no valor da sua arte e a incerteza sobre qualquer reconhecimento futuro.
Com Amor, Van Gogh (2017)Direção: Dorota Kobiela, Hugh WelchmanTrata-se de uma animação única em sua proposta. No enredo, um ano após a morte do artista holandês, o filho do carteiro retratado pelo pintor quer entregar uma carta de Van Gogh ao irmão que nunca havia chegado ao destino. A investigação sobre o suicídio é o menos importante. O que fascina é o tratamento visual dados às telas do artista. Fenomenal!
(8) Pablo Picasso (1881-1973)Dois filmes sobre ele são muito interessantes – e por motivos diferentes:
O Mistério de Picasso (1955)Direção: Henri-Georges ClouzotClouzot mergulha na obra do mestre espanhol de uma maneira diferente. O artista faz 20 obras sob o olhar das lentes do cineasta francês, que usa técnicas diversas para acompanhar o misterioso processo de transformação de pensamentos em imagens. ?? obrigatório para penetrar na técnica e na poética de quem, para alguns, é o maior de todo os tempos.
Os Amores de Picasso (1996)Direção: James IvoryQualquer recorte da vida de Picasso é imparcial e imperfeito. Este filme toma 1943 como referência. ?? quando o artista (Anthony Hopkins), com 60 anos, conhece Françoise Gilot (Natascha McElhone), 23. A abordagem é menos da obra e mais um relato que rendeu dois filhos, Claude e Paloma, e traições.
(9) Amadeo Modigliani (1884-1920)
Modigliani – A Paixão pela Vida (2004)Direção: Mick DavisO pintor Amedeo Modigliani é vivido com intensidade por Andy Garcia. A recriação da atmosfera de Paris do começo do século XX, com seus amores, rivalidades e amizades artísticas, ajuda a entender a fertilidade daquele período. As desavenças do artista italiano com Picasso, por exemplo, são um dos eixos da narrativa.
(10) Jackson Pollock (1912-1956)
Pollock (2001)Direção: Ed HarrisEste projeto pessoal de Ed Harris, que dirige e interpreta o arista norte-americano Jakson Pollock, apresenta diversos aspectos de um dos mais importantes e influentes criadores do século XX. O filme trata do estilo e da vida dinâmica e conturbada de um pintor visceral. Sua inquietação existencial foi um requisito essencial do seu fazer artístico.
Bônus
(11) Jean-Michel Basquiat (1960-1988)
Basquiat – Traços de uma Vida (1996)Direção: Julian SchnabelEsta cinebiografia mostra como, em 1981, o jovem artista Jean-Michel Basquiat (Jeffrey Wright) é descoberto por Andy Warhol (David Bowie), tendo uma ascensão meteórica e se transformando numa estrela em Nova York. O sucesso traz consequências agradáveis, como o enriquecimento, mas trágicas, como a solidão e a perda da identidade.
E faltam muitos outros…
Ficam para outras listas, além daquela já publicada sobre artistas mulheres como protagonistas em http://www.unesp.br/portal#!/debate-academico/10-filmes-com-protagonistas-mulheres/