O Campinas Front-end realizou, em 16 de dezembro de 2017, no Galleria Plaza, em Campinas, interior de São Paulo, seu primeiro evento focado para as mulheres desenvolvedoras de software, com o objetivo de incentivar a participação feminina em encontros da área de tecnologia. O primeiro DevWomen, contou com participação de 18 mulheres e apresentou três talks sobre o universo da programação, que abordavam os temas arquitetura de CSS, início na carreira de desenvolvedora e libs de comunicação no Android.
Patrícia Silva, desenvolvedora Front-end, ministrou o tema “Arquitetura de CSS, não é modinha… é necessidade”, por conta da própria vivência no assunto. “Botam mais fé quando a pessoa viveu porque na teoria tudo é lindo e a prática te ensina que nem tudo é assim, e, com as talks, você aprende maneiras e caminhos de contornar as dificuldades que pode estar passando”, diz.
Stefanni Brasil, desenvolvedora júnior, que ministrou a palestra “Iniciando a carreira de DEV – desafios e aprendizados” diz que os meetup, encontros com temáticas voltadas para tecnologia, são bons para compartilhar conhecimento e adquirir experiências para resolver problemas de quem está passando pela mesma situação. Ela acredita que falar sobre o início da carreira é importante porque esse é um processo longo, no qual muitos desistem. “Os palestrantes falam coisas avançadas que quem está começando não entende e questiona se está na profissão certa. A minha talk é um espaço para compartilhar esses desafios e angústias”, diz.
Para Daniela Schwab, desenvolvedora e que já trabalhou em projetos de programação para meninas em colégios, ministrou a palestra “Não reinvente a roda. As libs de comunicação com APIs do Android usadas no mercado”, no qual apresentou a importância das libs e quais são as mais usadas no mercado, participar e realizar talks eleva tanto quem palestra quanto quem está ouvindo. “Muitas vezes, você tem que falar com o cliente e apresentar em eventos dá esse insumo necessário no dia-a-dia do seu trabalho. Além disso, ainda existe o networking, onde você ouve mais pessoas da mesma área que a sua, com experiências diferentes, e você vê o que eles podem trazer e o quanto você pode crescer”, diz.
Foco nas mulheres Segundo Keilla Menezes, desenvolvedora e organizadora do DevWomen, a ideia é desse meetup ser somente para mulheres, mas não com a intenção de formar uma bolha. “?? para as meninas se fortalecerem e começarem a botar a cara. Não quero ir a eventos e ver quatro mulheres, eu quero que elas ganhem confiança”, diz Keilla.
Para Stefanni, a questão de ser só para mulheres é importante para que elas possam conquistar espaço. “Foi um ambiente muito bom e importante porque nem todo mundo tem confiança de falar em eventos grandes. Eu espero que continue, que cresça e que as meninas tenham mais iniciativa de falar e ir a encontros”, diz.
Daniela acredita que o foco nas mulheres é importante, principalmente pelo networking. “Nós nos fortalecemos quando sabemos que existe outra pessoa com as mesmas características, passando pelos mesmos problemas e com quem podemos trocar informações. ?? para nós nos apoiarmos umas nas outras e darmos essa força para que mais meninas venham dar palestras, não só em eventos para mulheres, mas também os abertos”, diz.
Segundo ela, esses encontros ajudam a dar força para as meninas que querem participar e não tem certeza. Além disso, Daniela sente-se emocionada de participar do primeiro meetup para mulheres. “Poder participar é uma coisa muito especial. Eu quero que elas cheguem lá na frente e apresentem”, diz.
Patrícia acha que eventos focados para um público específico auxiliam pelo fato de atrair mais esse grupo. Em relação ao DevWomen, ela diz que sentiu-se super feliz em participar. “?? especial e fantástico. Mostrou que existem meninas interessadas e que gostam de participar, se encontrar e falar sobre tecnologia. Ainda provando que nós, mulheres, nos damos bem, ao contrário do que é ensinado”, diz.
Para Letícia Melendez, estudante e participante do evento, é necessário e precisa aumentar a presença feminina em eventos. “Não estamos atrás dos homens, não somos menos que ninguém. Temos uma forma de ver um problema e propor soluções diferente da dos homens. Então, a nossa participação na parte de estudo e mesmo na área, atuando e trabalhando, é essencial porque nós viemos a acrescentar, sim”, diz.
Segunda Letícia, o machismo na tecnologia vem de uma cultura, pelo menos no Brasil, já que não possui um incentivo para as meninas, desde o ensino fundamental, participarem de competições nas áreas relacionadas à tecnologia. “Se não existe incentivo na faculdade, imagina na escola, que é de base”, diz.
Para Keilla, a cultura faz com que as mulheres se encontrem em uma situação submissa e de não serem ensinadas a ter liderança, gerando uma insegurança. Assim, o encontro ainda promove a possibilidade das desenvolvedoras se conhecerem, trocarem experiências e conhecimento. “Vamos falar ‘você está aqui ouvindo, mas você pode estar aqui outro dia falando’. E muitas, talvez, em um evento que só tenha mulheres, elas se sintam mais a vontade de interagir, de questionar, para quando estiverem em um evento que não tenham só mulheres, que elas possam colocar seu posicionamento sem medo”, diz.
Keilla também diz que com o retorno positivo, a ideia é que o Campinas Front-end promova mais eventos como esse. “Estou muito feliz de ver esse sonho ser realizado e quero ver isso crescendo cada vez mais”, diz.
Campinas Front-endO Campinas Front-end é uma organização sem fins lucrativos focada em front-end e com o objetivo de aumentar e fortalecer a comunidade de desenvolvedores web de Campinas e região.
O grupo busca encorajar e amparar quem está começando no mundo do desenvolvimento, por meio de eventos, meetups, dojos, encontros onde aprende-se ou pratica-se uma linguagem ou ferramenta de programação específica, e canais abertos de comunicação.
Além disso, também procuram auxiliar outras comunidades que gostariam de desenvolver algo para a sociedade. Como exemplo, o site Vota Campinas, desenvolvido pelo Campinas Front-end, em conjunto com a organização sem fins lucrativos Minha Campinas, no qual eleitores da cidade de Campinas pudessem escolher quais candidatos a vereadores, na eleição de 2016, pensavam de forma mais parecida que as deles, com o objetivo de decidir o voto com o maior número de informações possíveis.