O Indicador de Uso do Crédito apurado pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) revela que 54% dos consumidores brasileiros consideram difícil contratar empréstimos ou linhas de financiamento para fins pessoais.
Entre os indivíduos das classes C, D e E essa percepção é ainda maior e atinge 59% dos entrevistados. Já entre as classes A e B, o percentual é de 36%. De acordo com a sondagem, apenas 11% dos consumidores avaliam o processo como fácil.
Retrato de um cenário restritivo por parte das instituições financeiras e do comércio em geral, é que 17% dos brasileiros tiveram crédito negado ao tentarem fazer uma compra parcelada no último mês de março, sendo o principal motivo a existência de apontamentos de inadimplência em seu nome, com 8% de menções.
Há ainda casos em que a falta de comprovação de renda ou renda insuficiente (5%) inviabilizou a concessão de crédito.
Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, com a inadimplência em patamar elevado e desemprego, os bancos e financeiras têm restringido o crédito no mercado, o que dificulta a contratação por parte do consumidor.
Mas as concessões já começam a reagir em meio a retomada da economia, depois de um período prolongado de escassez de crédito ocasionado pela crise. “Na década anterior, o crédito foi o motor da economia. Porém, nos últimos anos, a inadimplência avançou bastante em razão das dificuldades impostas pela crise. Somente agora, as concessões começam a esboçar alguma reação. Ainda estamos longe do cenário pré-crise, mas a tendência é de melhora, principalmente porque a redução da Selic deve contribuir, em alguma medida, para destravar o crédito”, afirma a economista.
46% dos brasileiros tomaram crédito em março.
Cartão é o mais usado
De acordo com o indicador, na passagem de fevereiro para março, cresceu de 41% para 46%, o percentual de consumidores brasileiros que utilizaram alguma modalidade de crédito. Os que não recorreram a recursos emprestados somam 54% da amostra.
O aumento desse número fez com que a escala do Indicador de Uso do Crédito também apresentasse um crescimento de 3,5 pontos, passando de 26,2 em fevereiro para 29,7 pontos em março, embora ainda permaneça em baixo patamar. Pela metodologia do indicador, que varia de zero a 100, quanto maior o número, maior a utilização de crédito.
Os cartões de crédito (40%) foram o instrumento de crédito mais usado em março pelos brasileiros.
Bastante à frente do segundo colocado, que é o crediário ou cartão de loja, com apenas 10% de menções. O cheque especial foi citado por 6% da amostra e o empréstimo por 6%. Há ainda, 4% de consumidores que buscaram financiamentos. “A facilidade, a comodidade e a popularidade do cartão explicam o fato dele ser a modalidade mais citada. O cartão de crédito é hoje um meio de pagamento usualmente aceito em diversos estabelecimentos, até mesmo entre os informais e, a tendência é que se consolide cada vez mais como a principal forma de pagamento dos brasileiros”, afirma o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.