O projeto “Fábulas” desenvolvido pela professora Rosemeire Diniz Neves e outras professoras, do Ciep São Jerônimo, estimula alunos dos 1º, 2º e 3º anos a formação de atitudes e valores, por meio do processo de ensino e aprendizagem de uma maneira significativa e prazerosa. “Fábulas” faz parte do gênero literário que envolve todo um contexto de práticas de leituras, tendo como finalidade a entrada no mundo imaginário da criança através da leitura, iniciada na infância.

Segundo Rosemeire, o projeto leva os alunos a refletirem sobre o ensinamento da fábula. “Cada um entende a mensagem deixada pela fábula de sua maneira. ?? um gênero interessante para pensar sobre seu dia a dia. Ela leva os alunos a refletirem sobre o que aprovam e o que reprovam no comportamento dos personagens, instigando-os para expressarem suas opiniões e vivências”, disse a professora. O projeto é interdisciplinar e integra as disciplinas de Língua Portuguesa, Filosofia e Matemática.
Fábula é um gênero textual que faz parte da literatura infantil e apresenta em sua extensão um texto curto, cujos personagens na maioria são representados por animais falantes que dialogam, permitindo pontos de vista diferentes. O gênero é um importante recurso didático para a formação de valores nas crianças, pois enfatiza a valorização da transmissão, construção e reconstrução de conhecimentos.
Na fábula “As aventuras do menino travesso” Rosemeire trabalha oralidade, filosofia, leitura, análise e reflexão linguística, interpretação de texto e as características do gênero. Ela utiliza leitura de textos e vídeos do Youtube. Diante da fascinação da sociedade em geral pelo audiovisual (celular, tablete, etc.), a professora disse que ao utilizar a leitura ou o vídeo, o comportamento dos alunos não muda. “Costumo dramatizar o texto, faço sons e gestos. Eles adoram a imitação de risadas dos personagens. Eles amam a leitura”, afirmou. “A leitura é uma atividade completa deixando claro que através dela que os alunos buscarão várias possibilidades de conhecerem o mundo em sua volta”, completou.
Na leitura dos textos, Rosemeire entra em um processo no qual os alunos têm que refletir o que a fábula deixou de aprendizagem. “Vocês concordam a atitude daquele personagem? O que vocês fariam no lugar deles? Como resolveriam o conflito? “, questiona.  A professora leva o aluno a perceber que a fábula gira em torno de atitudes humanas e volta-se para acontecimentos do cotidiano. “Queremos o melhor para o aluno. E esta é uma maneira de refletir sobre os atos e comportamentos deles. Ajuda a resolver conflitos entre alunos”, disse.
Rosemeire acredita que para despertar o interesse dos alunos o mestre tem que oferecer repertórios diferenciados de fábulas, para posteriormente solicitar uma reescrita ou uma produção textual. “Início com a reescrita coletiva, depois em dupla e posteriormente individual. Ofereço a eles a oportunidade de criarem uma fábula. Depois da construção do texto, trabalho a análise e reflexão linguística: ortografia, pontuação”, disse.
Como forma de coletivizar a produção dos alunos a professora faz um varal de leitura para que todos possam ler a fábula do amigo. “Os alunos são muito criativos e os temas variados”, afirmou.
A professora seleciona cinco fábulas escritas por eles, de acordo com a regra estabelecida antes de iniciarem a escrita. Os alunos selecionados, na frente da sala de aula, leem sua fábula. Acontece a seguir uma votação para escolher o texto preferido do conjunto. O autor da fábula mais votada vai novamente na frente da sala sobe em uma cadeira (chamada de cadeira do autor), coloca uma coroa e lê a história novamente. Segundo Rosemeire os alunos gostam muito do momento da “cadeira do autor”. Eles pedem para acontecer. ?? o momento deles.
“Tudo é trabalhado dentro das regras. Tudo que vou construindo eles se posicionam. Não é o professor que vai impor suas ideias. Temos que ter flexibilidade para trabalhar e às vezes você acaba tomando outro rumo por conta das ideias ou sugestões dos alunos. ?? um sentimento de conquista. Isto tudo ajuda para chegarmos a bons repertórios e levar os alunos a refletirem na hora da escrita e evitar erros em ortografia”, afirmou.
No contexto de matemática foi feita votação das fábulas preferidas da sala, posteriormente foi passado em forma de tabela e após foi feita a o gráfico das mesmas e também a interpretação do gráfico.  No trabalho de fábulas nos primeiros anos foram feitas adaptações e o enfoque foi maior na oralidade, principalmente o uso das fábulas nas aulas de Filosofia.
Rosemeire observa que o projeto acaba dando um repertório maior para os alunos. “Eles acabam se preocupando com a escrita da história e com o texto. Eles vão tendo mais autonomia, melhor reflexão, pontuação, ortografia e leitura. Alguns alunos falam que não vão conseguir e costumo dizer que “A palavra tem força, se quiser consegue”. O mundo da imaginação é fantástico”, finalizou. Os vídeos e textos utilizados foram “As aventuras do menino travesso”, “A Raposa e a cegonha”, “A Pomba e a formiga”, “3 fábulas de La Fontaine” e o livro de Fábulas da Ciranda Cultural.