Comando News – Jair Bolsonaro divulgou em suas redes sociais em um vídeo com a intenção de acelerar o acesso às reservas brasileiras de grafite para extração do grafeno. A informação transmitida pelo presidente eleito despertou o interesse de indústrias e empresas. “O grafeno é um material que pode ser incorporado como elemento nas baterias existentes ou como associação para melhorar a performance delas, tais como: maior capacidade de armazenamento de energia, recarga rápida, maior vida útil e confiabilidade” explica Marcos Berton, pesquisador chefe do Instituto SENAI de Inovação em Eletroquímica.
A intenção do futuro governo em acelerar o acesso para extração de grafeno é uma excelente alternativa para startups desenvolvedoras de projetos de carros elétricos, como explica o engenheiro eletricista Milton Francisco dos Santos Junior, responsável pelo projeto da eiON, fabricante de um buggy elétrico 100% brasileiro, que já foi destaque na carreata elétrica da última edição do Salão do Automóvel, em novembro, em São Paulo. “As pesquisas e estudos sobre o grafeno são de grande importância para a aceleração da popularização da mobilidade elétrica no mundo. A mobilidade elétrica é uma tendência sem volta. Já é viável e está ganhando mais competitividade a cada dia. O ganho de escala e o avanço tecnológico provocarão uma ruptura sem precedentes no setor de transportes nos próximos anos e o grafeno poderá se o grande responsável pelo ponto de inflexão”, destaca Milton.
Para o engenheiro, o grafeno poderá proporciona maior eficiência energética nos veículos elétricos. Na acumulação de energia, poderá viabilizar menores pesos e volumes, bem como maiores capacidades de armazenamento, além de outros benefícios. “Os projetos da eiON acompanham de perto todos os avanços tecnológicos referentes às baterias, com especial atenção para o grafeno, nióbio e o titânio”, reforça, lembrando que a empresa tem outros projetos de veículos elétricos já engatilhados.
Resultados surpreendentes
Em 2017, a Samsung incorporou bolas de grafeno nas baterias a base e lítio e os resultados foram surpreendentes: recarga completa em 12 minutos e temperatura de operação estável até 60 graus, uma ótima alternativa para veículos elétricos. Dentre os vários projetos de baterias que está sendo desenvolvido no Instituto SENAI de Inovação está a bateria de chumbo ácido contendo grafeno no material ativo das placas positivas e negativas com aplicação para o setor automotivo e como elemento e liga para baterias de aviação. “Para cada aplicação o grafeno é modificado, funcionalizado ou ativado na superfície para aumentar significativamente a performance das baterias” explica Berton.
Os projetos no SENAI estão em fase de desenvolvimento em parceria com mais de 20 empresas nacionais dos seguimentos de baterias, aviação, ligas, fabricantes de grafeno e grafite e de tecnologia de ativação. Segundo o pesquisador, estima-se que a fase de testes iniciais se estenda por dois ou três anos. “Todo material novo desenvolvido leva um certo tempo para chegar até o mercado consumidor. Além das pesquisas iniciais, prova de conceito, protótipos, testes em laboratório e em ambiente relevante, escalonamento para produção, investimentos na linha de produção e comercialização podem levar mais alguns anos” finaliza Marcos Berton.
Fatos sobre o grafeno
O Brasil possui grafite de alta qualidade para produzir o material de forma pura e com um custo relativamente baixo. Entretanto, segundo Marcos Berton, o governo não deve estar pensando no grafeno como uma commoditie. “O Brasil tem condições de produzir materiais e dispositivos com alto valor agregado com grafeno e entrar no cenário mundial com alta tecnologia” afirma Berton. 
O grafeno é o material mais fino e leve já conhecido. Uma folha de grafeno é naturalmente transparente, pesa apenas 0,0077 gramas e é capaz de suportar até 4 quilos.  Os usos potenciais do grafeno vão além do carregamento ultrarrápido de baterias. Pesquisadores apontam que o grafeno pode ser utilizado para a criação de baterias dobráveis, aeronaves mais fortes e leves, transformação de água salgada em água potável, aumentar a velocidade da memória flash de dispositivos eletrônicos, desenvolvimento de ferramentas e equipamentos mais fortes e equilibrados como raquetes de tênis, revestimentos impermeáveis e até na regeneração de tecido humano.
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