Ela mede 1,62m e pesa 50kg, mas vira uma gigante quando está
à frente dos cem ritmistas da escola de samba Feitiço do Rio. Thaís Rodrigues,
de 30 anos, será pioneira numa função historicamente delegada aos homens: a de
mestre de bateria. Thaís será empossada neste domingo como mestre da Bateria
Feiticeira. A escola, que disputará a Série E do carnaval, vai desfilar no dia
9 de março, na Estrada Intendente Magalhães, em Campinho, na Zona Norte.
Thaís passou a frequentar os ensaios da Acadêmicos da
Rocinha em 2003. Levada por um tio a um evento da escola de São Conrado, ela
pegou um chocalho e acompanhou os ritmistas. O mestre de bateria gostou de sua
desenvoltura. Naquele mesmo ano, ela já cruzou a Avenida pela primeira vez
tocando um instrumento e nunca mais parou.
Atualmente, a jovem é diretora de surdo na bateria da
Rocinha, que disputa a Série A, e toca o surdo de terceira na Unidos da Tijuca,
do Grupo Especial. As duas escolas desfilam na Sapucaí. E a mestre de bateria
da Feitiço do Rio garante que viver num universo onde os homens são maioria não
é problema, porque ela sempre foi respeitada. A aparência de Thaís engana.
Apesar da silhueta fina, ela está acostumada a carregar instrumentos que pesam
até 18kg.
Embora não seja comum encontrar mulheres no posto de mestre
de bateria, elas aparecem aos montes entre os ritmistas e em cargos de
diretoria. Uma das ritmistas mais antigas do carnaval carioca, Neide Tamborim,
de 56 anos, desde a década de 1970 toca o instrumento que virou seu sobrenome
na Beija-Flor e ficou feliz ao saber que o Rio ganhará uma mestre de bateria.