Muito já se falou no Brasil sobre a importância pouco valorizada dos vice-presidentes. Um filme norte-americano que traz essa questão com muita força é ‘LBJ: a esperança de uma nação’. Dirigido por Rob Reiner, com Woody Harrelson como protagonista, enfoca desde o momento que o político tentou concorrer à presidência pelo partido democrata até os primeiros atos logo após o assassinato do presidente John Kennedy.

O filme consegue mostrar como o político texano Lyndon Baines Johnson (1908 ??? 1973), conhecido pela sigla oriunda de seus três nomes, tornou-se vice-presidente em condições politicamente muito peculiares. Derrotado nas primárias do Partido, mas líder democrata no Senado, torná-lo vice foi uma maneira de aproximar os Kennedys do Sul e, ao mesmo retirar dele o grande poder que tinha no Congresso.
A trajetória do político texano é curiosa, pois tornou-se o elo entre duas línguas distintas: a dos meninos eruditos universitários de Harvard, representados pela família Kennedy, e os políticos texanos sulistas. De um lado, o desejo reformista; do outro, forças extremamente conservadoras e racistas.
LBJ mostra, porém, liderança quando os Kennedys perdem John e surpreende levando à frente e conseguindo aprovar a Lei dos Direitos Civis, um inegável avanço na democracia dos EUA. Desistiu, porém, de concorrer à presidência pela segunda vez, muito desgastado com a Guerra do Vietnã.
A obra traz numerosos ensinamentos sobre bastidores do poder. Mostra como toda negociação é um processo de arriscar e de ceder. Somente assim é possível conquistar aquilo que se deseja. Nesse sentido, a trajetória de LBJ é exemplar. Sua experiência, ao contrário do que muitos imaginaram no início de sua gestão presidencial, foi fundamental para a política norte-americana em um período socialmente conturbado, principalmente para obter conquistas formais nas lutas pelos direitos civis e contra o preconceito racial. 
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.