O populista Movimento 5 Estrelas (M5S) e o centro-esquerdista Partido Democrático (PD) apresentaram nesta quarta-feira ao presidente da Itália, Sergio Mattarella, seu acordo para que o ex-primeiro-ministro Giuseppe Conte tente formar um novo Governo de coalizão. Nesta quinta-feira, o ex-premiê será encarregado oficialmente dessa missão e deverá agora definir, com os dois partidos, uma lista de ministros que mudem o rumo que a política italiana seguiu no último ano e, entre outras coisas, aproximem novamente o país da União Europeia. Trata-se de uma derrota para o ultradireitista Matteo Salvini, o atual ministro do Interior, que havia pedido a convocação de novas eleições, mas até o último minuto tentou convencer o M5S a voltar atrás e recuperar a aliança que o mantinha como número 2 do Governo da Itália.
Os últimos 15 dias mostraram em todo o seu esplendor a histórica confusão da política italiana. Matteo Salvini, o líder da Liga, o homem que dominava a cena institucional e midiática, o gênio das redes sociais, detonou todo o seu capital político fazendo o Governo ruir enquanto passeava pelas praias italianas tomando mojito. O ex-premiê Matteo Renzi, e Beppe Grillo, do M5S, dois grandes inimigos, assinaram uma trégua e possibilitaram um acordo de Governo, algo que era impensável semanas atrás e confirmou o quanto foi ridícula a atuação de Salvini. Giuseppe Conte, um advogado desconhecido que chegou à chefia do Conselho de Ministros em junho de 2018, voltará a ocupar o cargo.
O primeiro-ministro, graças ao acordo comunicado nesta quarta-feira ao presidente da República, terá agora alguns dias de margem para negociar com o PD e o M5S uma equipe de Governo que satisfaça aos dois partidos, mas que seja capaz de enfrentar os meses complicados que se aproximam com a nova lei de orçamento e de melhorar a relação com a UE.