O livro “Mulherzinhas” foi o ícone de uma geração de jovens leitoras. De inspiração autobiográfica, conta a história de quatro irmãs durante a Guerra Civil Americana, em meados do século XIX. Publicado em 1868, é a base para o filme “Adoráveis Mulheres”, que recebeu o Oscar 2020 de Melhor Figurino.

A adaptação da diretora Greta Gerwig do romance autobiográfico de Louisa May Alcott mantém o ponto principal do enredo, que é a relação entre jovens de quatro temperamentos diferentes em uma sociedade em que as mulheres são vistas como objetos destinados ao casamento, sendo o esteio familiar para sustentar os pais mais velhos e as irmãs mais jovens. Com a ausência do pai, que luta na Guerra Civil, precisam se unir para auxiliar a mãe a manter a família em pé.
?? nesse contexto social que somos apresentados a Jo (Saoirse Ronan, indicada ao Oscar de melhor Atriz pelo papel), rebelde, livre e que escreve no sótão; Meg (deseja ser atriz, mas abre mão do sonho pelo sincero amor a um simples professor); Beth (pianista de talento, que falece devido à escarlatina); e Amy (pintora ambiciosa que, com um bom casamento, se torna o esteio da família).
A devoção de cada uma das mulheres por uma forma de expressão intelectual se dá numa sociedade em que ser artista não era algo bem visto. Podia ser um hobby, mas não uma profissão séria. Jo desafia esse contexto e se torna, sob diversos aspectos, uma referência para as mulheres de todas as épocas
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.